sábado, 13 de maio de 2017

Ciberataques afetam sistemas no Brasil e em mais de 70 países

Empresas de ao menos 74 países, incluindo o Brasil, foram alvos de um ciberataque em “larga escala” nesta sexta-feira (12). Os ataques causaram a interrupção do atendimento do INSS no Brasil e atingiram hospitais públicos na Inglaterra. A extensão do ataque leva especialistas em segurança a acreditar que se trate de uma ação coordenada.
Veja abaixo os principais pontos do caso e em seguida as informações completas:
O ataque atingiu empresas ao redor do mundo na manhã desta sexta. Estimativa divulgada à tarde pelo grupo russo de segurança Kaspersky Lab fala em 74 países. A empresa Avast diz que foram 99 países atingidos.
Representantes de hospitais afetados na Inglaterra relataram que cancelaram atendimentos e redirecionaram ambulâncias para outras unidades
No Brasil, ataques atingiram empresas e órgãos públicos. O atendimento do INSS está suspenso.
Ataques usam vírus de resgate (“ransomware”), que inutilizam o sistema ou seus dados, até que seja paga uma quantia em dinheiro. Segundo a Kaspersky, o vírus se espalha por meio de uma brecha no Windows.
“The New York Times” diz que ação pode ter usado ferramenta roubada da NSA, a agência de segurança nacional dos EUA.
Vírus de resgate
Os ataques usam vírus de resgate (ou “ransomware”), que inutilizam o sistema ou seus dados, até que seja paga uma quantia em dinheiro – entre US$ 300 e US$ 600 em Bitcoins, diz a Kaspersky. Ou seja, eles “sequestram” os dados e pedem uma recompensa.
A empresa detectou 45 mil ataques, em relatório divulgado na tarde desta sexta-feira. A maior parte foi registrada na Rússia.
No Brasil, os ciberataques levaram várias empresas e órgãos públicos a tiraram sites do ar e desligarem seus computadores:
  • Petrobras
  • Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o Brasil
  • Tribunal da Justiça de São Paulo, Sergipe e Rio Grande do Norte
  • Ministério Público de São Paulo
  • Itamaraty
  • No Brasil
    O INSS divulgou um comunicado a todas as agências do Brasil dizendo que os “microcomputadores devem ser desconectados da rede. Aqueles microcomputadores que sofreram ataque – os que tiverem tela vermelha – devem ser separados e mantidos desligados.” Também foram desligados todos os servidores da Dataprev.
    O atendimento do INSS está suspenso, inclusive na Central 135. Os atendimentos marcados para esta data serão reagendados. A Data de Entrada de Requerimentos (DER) dos cidadãos agendados será resguardada, diz o INSS.
    “Os técnicos da Dataprev e do INSS estão atuando para solucionar o problema no menor prazo possível. Tão logo haja segurança necessária os serviços serão restabelecidos”, diz a nota.
    A superintendência regional da PF informou que acionou o serviço de inteligência para verificar extensão do problema.
    O Judiciário estadual de SP admitiu que computadores da instituição foram infectados, o que motivou “o desligamento de todas as máquinas” do órgão em todo o estado. Em Sergipe e Rio Grande do Norte, os computadores também foram desligados.
    A Petrobras divulgou comunicado dizendo que, “ao tomar conhecimento de um vírus global, a empresa adotou medidas preventivas para garantir a integridade da rede e seus dados.” Após ciberataque à Telefônica na Espanha, a Vivo no Brasil orientou funcionários a não acessarem a rede corporativa da empresa no Brasil – a medida foi direcionada para os escritórios da empresa, sem afetar os usuários dos serviços da Vivo.
    O Itamaraty disse que desligou suas máquinas preventivamente, mas disse que não foi alvo direto dos ataques. O site do Ministério das Relações Exteriores saiu do ar.
    Como é o ataque
    Os vírus de resgate são pragas digitais que embaralham os arquivos no computador usando uma chave de criptografia. Os criminosos exigem que a vítima pague um determinado valor para receber a chave capaz de retornar os arquivos ao seu estado original.
    Quem não possui cópias de segurança dos dados e precisa recuperar a informação se vê obrigado a pagar o resgate, incentivando a continuação do golpe.
    O jornal “The New York Times” diz que os ataques podem ter usado uma brecha chamada EternalBlue, que foi roubada da NSA, a agência de segurança nacional dos EUA.
    Segundo a Kaspersky, o vírus se espalha por meio de uma brecha no Windows, que a Microsoft diz ter corrigido em 14 de março. Mas usuários que não atualizaram os sistemas podem ter ficado vulneráveis.
    A falha afeta as versões Vista, Server 2008, 7, Server 2008 R2, 8.1, Server 2012, Server 2012 R2, RT 8.1, 10 e Server 2016 do Windows.
    Os relatos dos ataques desta sexta-feira indicam empresas como alvo, mas computadores pessoais com Windows não atualizados também podem ser infectados – veja como prevenir ou agir em caso de ataque.
    Hospitais na Inglaterra
    Representantes de hospitais afetados na Inglaterra relataram ao jornal que cancelaram atendimentos e redirecionando ambulâncias para outros hospitais.
    De acordo com o “New York Times”, ao menos 16 instituições sofreram, simultaneamente, um bug em seus sistemas de informação. O serviço de saúde pública da Inglaterra declarou estar ciente do problema. Não há evidências de que os dados de pacientes tenham sido afetados, segundo a “BBC”.
    Caso semelhante
    Em fevereiro de 2017, o Centro Médico Presbiteriano de Hollywood, que teve seu atendimento prejudicado por um vírus de resgate, pagou a recompensa de US$ 17 mil (cerca R$ 68 mil) para criminosos fornecerem uma chave para restaurar os dados e sistemas do hospital.
    Segundo um comunicado assinado por Allen Stefanek , presidente do hospital, “a maneira mais simples e rápida de restaurar nossos sistemas e funções administrativas era pagar o resgate e obter a chave. Na melhor intenção de voltar às operações normais, assim o fizemos”

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