segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Nomes secundários operavam propina, afirmam delatores, Lobão cada vez mais enrolado

Um empresário acusado por uma CPI de grilagem de terras na Amazônia, um publicitário envolvido no caso que levou à cassação do governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (ex-DEM), o tesoureiro nacional do Solidariedade, um advogado e dois anônimos.
Esses personagens foram apontados por delatores da Operação Lava Jato como operadores da propina que abasteceu senadores e partidos políticos em Brasília.
Fechadas entre abril e maio com o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da República e tornadas públicas nas últimas semanas, as delações do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, e do lobista Fernando Soares, o Baiano, expõem essa rede.
Segundo eles, boa parte da propina a políticos passou pelas mãos do empresário André Serwy, ligado ao senador Edison Lobão (PMDB-MA); do marqueteiro Paulo César Roxo Ramos, vinculado ao ex-senador Gim Argello (PTB-DF); do tesoureiro do Solidariedade, Luciano Araújo, e de um escritório de advocacia que teria recebido dinheiro destinado ao senador Ciro Nogueira (PP-PI).
Foram citados ainda um homem identificado como Felipe Parente, vinculado ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, e outro chamado apenas de "Godinho", que teria recebido US$ 1 milhão em nome do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Sobre o papel do tesoureiro do Solidariedade, o dono da UTC o associou ao advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz.
Segundo Pessoa, Tiago detinha informações de interesse da empreiteira sobre a tramitação, no TCU, do processo relativo à construção da usina nuclear Angra 3.
Aos investigadores, Pessoa relatou que Tiago lhe pediu R$ 1 milhão -pagos por meio do tesoureiro Luciano Araújo, que também ia buscar R$ 50 mil todo mês na UTC.
Em 2014, Pessoa disse ter pago R$ 5 milhões para evitar ser chamado à CPI da Petrobras a Argello, então vice-presidente da investigação. O ex-senador, segundo ele, indicou o marqueteiro Paulo Roxo para dar destino ao dinheiro.
Em 2009, Roxo foi citado por outro delator, Durval Barbosa, como operador do esquema do mensalão do DEM, que levou à cassação de José Roberto Arruda.
Pessoa também relatou ter pago R$ 1 milhão ao senador Edison Lobão (PMDB-MA) por meio do empresário André Serwy, filho de um amigo do peemedebista —pai e filho foram citados em 2001 em CPI que investigou grilagem de terras na Amazônia.
RUBENS VALENTE
MARCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

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