GARRONE: O jornal O Estado do Maranhão, de propriedade dos irmãos Sarney, estampou em manchete hoje que o ex-deputado e ex-chefe da Casa Civil do Governo Jackson Lago, Aderson Lago, “recebeu dinheiro de empresa investigada” na Operação “Sermão aos Peixes”, que deve levar à prisão o ex-secretário de Saúde Ricardo Murad, cunhado da ex-governadora Roseana Sarney.
Em descontraída conversa com o titular deste blog, o ex-deputado Aderson Lago destruiu mais um factoide criado pelo jornal do Grupo Sarney. Segundo a matéria de destaque, a empresa Serviços de Diagnóstico Médico por Imagem São Luís Ltda, que seria alvo da operação da Polícia Federal, teria transferido recursos para a conta corrente do ex-parlamentar.
O ex-deputado esclareceu que nunca manteve qualquer negócio com a referida empresa e sequer sabia da sua existência até a revelação feita pelo jornal do Grupo Sarney. No ano de 2008, o ex-deputado vendeu o apartamento em que morava havia mais de quinze anos para o deputado estadual Antonio Pereira, que hoje reside no imóvel. O pagamento foi acertado em sete parcelas, iguais e mensais. O negócio foi feito entre a pessoa física do ex-deputado Aderson Lago e sua esposa, hoje falecida, e a pessoa física do deputado estadual Antonio Pereira, conforme contrato de promessa de compra e venda, com firma reconhecida e declarado para a Receita Federal. É possível que parte do pagamento tenha sido feito pela empresa do filho do deputado Antonio Pereira, Serviços de Diagnóstico Médico por Imagem São Luís Ltda, sem o conhecimento do vendedor, o que não se constitui nenhum delito ou falcatrua, como insinua O Estado do Maranhão. Disse ainda o ex-deputado Aderson Lago:
– “Para corrigir o pasquim dos Sarney: nunca tive a honra de ser filiado ao PDT, não sou e nunca fui Diretor da Assembleia. Sou um simples assessor. E para finalizar: quem é investigada na Operação Lava Jato é a dona do jornal, Roseana Sarney, e na Operação Sermão aos Peixes, seu querido cunhado, Ricardo Murad”.
Aderson foi um dos mais contundentes críticos do modelo de gestão adotado pelo Grupo Sarney, tendo sido a liderança de maior destaque da oposição na década de 90, durante os dois primeiros mandatos de Roseana Sarney, denunciando vários escândalos, como a Estrada Fantasma Paulo Ramos – Arame, os supostos desvios na execução do Projeto Salangô e a Fábrica Kao I em Rosário e muitos outros.
Ainda segundo Lago, ele já conseguiu inúmeras condenações contra as calúnias publicadas nos jornais do Grupo Sarney, já tendo recebido mais de R$ 100 mil somente do Sistema Mirante de Comunicação, após bloqueios judiciais: “É pena que eles têm muito dinheiro e essas condenações não os intimidam” – ponderou o ex-deputado.
Governo Dino
O titular do blog não poderia deixar de perguntar as impressões do experiente político sobre o Governo Flávio Dino. Segundo o ex-chefe da Casa Civil do Governo Jackson Lago, o governador Flávio Dino assumiu o Estado do Maranhão em 2015, em condições completamente diferentes daquele recebida por Jackson Lago, em 2007. Em muitos aspectos, as condições atuais são mais favoráveis, mas em outros bem mais difíceis.
Para ele, Dino não está sendo obrigado a conviver com a espada da Justiça Eleitoral perfurando o seu pescoço, e pode planejar e executar com calma os quatro anos de mandato. Mas, ele ponderou, Dino assumiu o Estado completamente quebrado, cheio de dívidas, conhecidas e desconhecidas, e com o Brasil enfrentando a maior crise econômica e política jamais vivida desde o tempo da inflação galopante de Sarney.
Ainda segundo Aderson, Flávio Dino tem mostrado que se preparou realmente para comandar o Governo do Maranhão. Mas a maior qualidade do governador Flávio Dino, segundo Lago, é ter coragem de enfrentar os mafiosos que se apoderaram do Maranhão há anos e mandavam mesmo quando não estavam no Governo: “Só tenho a elogiar a postura do governador, que não cede mesmo sendo vítima diária de calúnias e difamações em blogs e jornais mantidos pelos adversários”.
Perguntando se não sente saudade da tribuna, o ex-deputado ironizou: “Acabei sofrendo a pior das inelegibilidades, que é a falta de voto. Não pretendo mais disputar eleições, o tempo é de outra geração”.
No fim da conversa, perguntado se tinha alguma crítica ao Governo Dino, mesmo em off, Aderson brincou: “Garrone, esse papel é da oposição. E olhe que a vida da oposição de hoje é mais fácil, pois agora o governo é transparente. Quem dera fosse assim no meu tempo”.
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