quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Dutra diz que o grupo de Flávio Dino deve buscar unidade para vencer eleições de 2016

O ex-deputado Domingos Dutra defende que o grupo liderado por Flávio Dino atue coeso com vistas às eleições municipais de 2016
O ex-deputado Domingos Dutra defende que o grupo liderado por Flávio Dino atue coeso com vistas às eleições municipais de 2016
Entre os principais nomes de líderes políticos da oposição ao grupo Sarney, por vários anos, não pode mais deixar de constar o do ex-deputado Domingos Dutra (SD). Ele tem sido cogitado como pré-candidato a prefeito de Paço do Lumiar e, na segunda-feira (14), esteve com o governador Flávio Dino, no Palácio dos Leões. Em entrevista ao Jornal Pequeno, Dutra falou da reorganização das forças políticas no Maranhão, após a derrota histórica do grupo Sarney – que deixou o Governo do Estado após domínio do Executivo por 50 anos. Eis a entrevista:
JP – O senhor tem dado muitas opiniões acerca das eleições municipais do Maranhão, inclusive sobre seu campo político. Quais são os maiores desafios para quem vai às urnas em 2016?
Dutra – É necessário que haja um esforço dos partidos que ajudaram a eleger o governador Flávio Dino para evitar conflitos nas eleições municipais. Temos uma experiência negativa, em 2008, no Governo Jackson, onde cada um tentou tirar proveito eleitoral. A disputa tem que ter civilidade. É preciso saber escolher os melhores nomes para governar as cidades do Maranhão, especialmente as 50 maiores cidades do estado. Na crise que vivemos, hoje, no plano federal, eu acho que as eleições municipais estão mais próximas de ter uma saída democrática para crise nacional que vivemos.
É preciso eleger gestores municipais que não apenas apliquem corretamente o dinheiro público, mas que sejam capazes de gerar oportunidade em seus municípios, evitando que sejam eleitos prefeitos que só buscam o governador por dinheiro. Os prefeitos precisam otimizar os potenciais que têm os municípios. Por isso, o grupo do Flávio Dino tem que priorizar esses melhores quadros em cada município, para que as cidades do Maranhão possam avançar junto com o Governo. Até porque o Governo não consegue dar conta de todos os problemas sozinho, precisa da colaboração dos municípios.
JP – O que o senhor apresentou ao governador Flávio Dino como sugestão para o município de Paço do Lumiar?
Dutra – Paço do Lumiar está a 22 quilômetros de São Luís, possui 120 mil habitantes. Apresentei cinco sugestões que são de competência do Governo do Estado e que trarão grandes benefícios para a população. Em relação à Segurança, nós temos uma delegacia no Maiobão que fecha todos os dias às 18h e abre às 8h da manhã, fechando aos sábados, domingos e feriados. Só o Maiobão possui 24 mil habitantes e no entorno são cerca de 70 mil habitantes que quando estão com problemas de Segurança, à noite, aos sábados, domingos e feriados têm que ir até o Cohatrac ou Cidade Operária. Pedi ao governador que a delegacia do Maiobão comece a dar plantão e transfira o posto policial da Vila Canaã para colocar o Maiobão, para ficar mais centralizado para a população.
Destinei ainda R$ 2 milhões em emenda para a construção da maternidade de Paço do Lumiar. Lá há apenas uma unidade mista em reforma, criada em 1987 pelo governador Jackson Lago. Hoje não nascem crianças em Paço do Lumiar, as mães precisam ir para São Luís ou Ribamar. O secretário Marcos Pacheco sugeriu que sejam unificadas a Unidade Mista e a Maternidade.
JP – E a mobilidade urbana para a população que precisa se deslocar do Maiobão para outros centros?
Dutra – Pedi que seja criada uma linha ônibus que ligue o Maiobão ao Centro, pela Maioba e Araçagi. O Maiobão está a apenas 5 km da Praia do Araçagi. Sugeri que tenha uma linha de ônibus que leve aos sábados, domingos e feriados, os moradores do Maiobão à praia, dando uma nova oportunidade de lazer para eles.
Tratamos ainda da Regularização Fundiária de algumas áreas antigas, como a Vila Carlos Augusto, Vila Cafeteira, São José I e II, Nazaré. São famílias que possuem a terra, mas não têm título de lote. O governador se comprometeu em encaminhar para o Iterma para agilizar essa regularização inicial dessas áreas de ocupação.
Pedi ainda que o Governo adote uma medida em relação a água e esgoto na região, em relação a empresa Odebrecht que possui 25% fundo participação todo mês, com o aumento a tarefa de percentuais de 48 a 1100%. O governador disse que o Procon já está analisando para ver o que pode ser feito de acordo com a lei.
JP – Quais os encaminhamentos dados pelo governador em relação a esses temas todos?
Dutra – Flávio comunicou que vai pedir aos órgãos que acelerem suas atividades para que o conjunto de medidas seja executado no tempo mais hábil possível. Todas as reivindicações o governador tomou ciência e ficou de encaminhar para os seus auxiliares. Sei que ele está empenhado em fazer o melhor para o Maranhão. Ninguém fez um esforço para ganhar eleição, para ter alternância no estado que não tenha o intuito de melhorar vida da população. E isso já dá para perceber nesses primeiros meses de Governo. Conheço o governador Flávio Dino, ele tem compromisso com causas sociais.
JP – E qual sua análise do cenário de crise no Brasil?
Dutra – As crises nacional e internacional instaladas, como todos sabem, refletem em todos os estados brasileiros, especialmente o Maranhão, um dos mais pobres da federação. Sem recursos do Governo Federal fica difícil fazer acontecer apenas com recursos próprios. A crise não é pequena, e está cedo para exigir do governo soluções para problemas que estão aí há décadas.
JP – Como o senhor avalia as políticas sociais do Governo do Estado?
Dutra – Eu tenho visto com boa expectativa a prioridade do Governo em melhorar o IDH nas 30 cidades mais pobres do Maranhão, essa é uma medida extremamente positiva, tirar o estado de um cenário nacional de vergonha. Fiquei feliz com a decisão de complementar o piso salarial dos agentes de saúde e agentes de endemias. Isso mostra o compromisso em valorizar a saúde preventiva.
O programa que concedeu Carteira de Habilitação aos jovens, o complemento do bolsa-família, que foi uma promessa de campanha, onde as famílias poderão ter dinheiro para investir no material escolar. Uma ótima iniciativa é o Programa Escola Digna que substituirá as escolas de taipa por prédios, que embora seja uma competência municipal, conta com a ajuda do Governo do Estado. O fato de não haver nenhum envolvimento do governador ou dos seus auxiliares próximos em esquemas de corrupção, uso da máquina ou desvio de dinheiro isso é extremamente positivo para todo o nosso estado.
JP – Como o senhor avalia, politicamente, as forças de poder no Maranhão? No cenário atual, depois de 9 meses que o governo deixou de estar nas mãos da oligarquia, como está o Estado?
Dutra – Com a alternância de poder, o grupo Sarney ficou sem rumo. Sarney ficou sem mandato e apesar da força que possui no Brasil, ele já era distante do Maranhão. Sem o mandato de Roseana, todos eles ficaram sem rumo e ela está na defensiva agora com a Operação Lava Jato. Sendo assim, os partidos que apoiavam Sarney estão dispersos.
Tenho visto o PSDB fazer um movimento grande para trazer prefeitos para o seu partido, o PDT em menor escala, e o PCdoB de forma tímida, o que acho correto. Vejo que o governador não faz pressão para ninguém se filiar ao PCdoB. Acredito que o PSDB vai acompanhar a lógica nacional, jogando todas as fichas para ganhar a eleição em 2018. Mas como é um partido que não tem base nos movimentos sociais, é tradicional, na minha compreensão eles não têm essa força. Esse movimento do PSDB é movido pela lógica da disputa federal em 2018.
JP – O que é importante ter em mente nesse momento onde começam a ser definidas as candidaturas às eleições municipais?
Dutra – É importante nesse momento que todos façam um esforço para que todos os partidos que apoiaram o governador discutam até o último momento para ter candidaturas unitárias, para só ir para a disputa onde não for possível. Quanto maior o número de lideranças honestas que possam dar sentido à economia municipal, melhor será para o governo estadual e federal. Devemos eleger gestores que façam o seu dever de casa, que sejam capazes de gerar emprego e renda para o município e ajudar o governo a fazer as mudanças prometidas durante a campanha.

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