Por Jéssica Antunes
Jornal de Brasília
Sem cronograma de ações ou liderança
definidos, caminhoneiros de vários cantos do Brasil se reúnem no estacionamento
do Estádio Nacional Mané Garrincha. Na manhã deste domingo (3), dezesseis
caminhões estavam no local, mas o grupo de menos de 20 pessoas aguarda que
comboios cheguem ao longo do dia, chegando a 30 mil caminhoneiros. Eles
prometem novas manifestações por redução no preço dos combustíveis, mas não
sabem dizer o que, quando e onde acontecerão atos na capital.
Três caminhoneiros saíram de Jaru, em
Rondônia, com destino ao Distrito Federal às 13h de sexta-feira (1). Eles
percorreram mais de 2,2 mil quilômetros sem parar. Foram duas noites e um dia
até chegarem ao destino.
“Viemos porque somos brasileiros e
queremos defender a pátria. Nós queremos óleo diesel abaixo de R$ 3 e gasolina
a R$ 3,15”, diz Edecarlos Sena, 38 anos. De acordo com ele, as reivindicações
se estendem ao etanol e ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha.
O caminhoneiro esclarece que o ímpeto de
chegar à capital partiu de áudios e mensagens disseminadas em grupos nas redes
sociais. “Achei que teria mais caminhoneiros. Me decepcionei. Isso é uma briga
de todos”, afirma o homem, que conduz caminhões pelas estradas brasileiras há
18 anos. Assim como os demais colegas, Edemar não sabe quem lidera o ato, mas
relativiza: “caminhoneiros não têm liderança mesmo”.
Os motoristas começaram a se reunir na
sexta e esperam, ainda neste domingo, que o movimento tome corpo com a chegada
de representantes do movimento de outros estados. Por enquanto, a aglomeração é
tímida, com placas do DF, Minas Gerais, Goiás e São Paulo. A expectativa é que
cerca de 30 mil motoristas se juntem ao ato.
Nas redes sociais, um manifesto é
convocado para segunda-feira. As mensagens, sem origem clara, pedem para que a
população faça estoque de alimentos e encham os tanques dos veículos. Isso
porque uma nova paralisação poderia causar novo desabastecimento.
O governo federal chegou a produzir
vídeos para redes sociais em que nega a notícia de que haverá novo movimento de
paralisação dos caminhoneiros nos próximos dias. A Secretaria da Segurança
Pública e da Paz Social diz que está acompanhando a movimentação dos
caminhoneiros no Estádio Nacional Mané Garrincha.
O 3º Batalhão de Polícia Militar monita
o local e os manifestantes. Segundo a corporação, não há nenhum protesto
previsto para hoje e o grupo não tem um planejamento específico para os
protestos.
Entidades
não reconhecem
Um áudio atribuído ao presidente da
Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, pede
que os 700 mil filiados não participem do protesto. Ele temeria que novos atos
prejudiquem o acordo firmado com o governo federal. “Peço aos caminhoneiros de
bem que não se envolvam em manifestações que coloquem em risco o que
conseguimos. O governo cumpriu a parte dele, e o movimento acabou. Nossas
reivindicações foram atendidas”, diz a gravação.
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