Todos lembram as manifestações populares, as maiores após a
redemocratização do país, em junho de 2013. O Brasil estava com índices
razoáveis de desemprego, inflação relativamente controlada e serviços
públicos em expansão, há pelo menos uma década. Subitamente a população
foi às ruas protestar. A começar de São Paulo, onde houvera aumento de
dez centavos nas passagens de ônibus. Como uma avalanche impulsionada
pelas redes sociais, especialmente o Facebook, o país foi às ruas. Um
movimento gigantesco, teoricamente apartidário, cuja pauta era etérea.
“Não é por dez centavos!”, “Vem pra rua!”. Entoavam líderes das
manifestações.
A mídia tradicional tratou de garantir repercussão e a glamourização
dos movimentos Brasil a dentro. Até multinacional encomendou música sob
medida para anúncio em horário nobre numa convocação im(ex)plícita: “Vem
pra rua!”. As manifestações lograram certo êxito. O governo Dilma
ampliou investimentos em serviços públicos, notadamente para a
mobilidade urbana. O movimento arrefeceu até as eleições de 2014. A
reeleição da presidenta Dilma foi a senha para começar nova onda de
manifestações contra reajuste de combustíveis, aumento da inflação,
corrupção. A grande mídia insuflou em certa medida os protestos, desta
feita, com convocações sem rodeio nos intervalos de novela em horário
nobre, transmissões ao vivo dos protestos, nos domingos.
Todo este movimento culminou com a derrubada da presidenta Dilma, num
golpe parlamentar com o auxílio jurídico midiático. Pois bem, venderam
para a população que os problemas do país seriam resolvidos. A
estabilidade econômica, política e institucional seria garantida.
Passaram-se dois anos do golpe. Nada melhorou na vida da maioria dos
brasileiros. Ao contrário, os preços de combustíveis passaram a ser
reajustados com impressionante velocidade e atingem os maiores níveis
ultrapassando R$ 5 em estados como o Rio de Janeiro. Mais de 27 milhões
de brasileiros estão desempregados. Quase três vezes mais do que no
governo Dilma. Os investimentos em serviços públicos, como saúde e
educação, foram garroteados e ficarão congelados por 20 anos. Na
prática, serão reduzidos os recursos para dois setores vitais para o
país. Ataques também às políticas habitacional e de transferência de
renda.
As riquezas do país colocadas à venda por preços risíveis em
privatizações duvidosas de setores estratégicos para o país, como o
sistema elétrico, o pré-sal e programas aeroespaciais.
Tudo isto acontecendo e nenhuma panela a fazer barulho. Evidente está
que realmente nunca foi por dez centavos. Também não foi pra combater a
corrupção, pois esta se instalou no Palácio do Planalto, onde nos
dizeres do ex-procurador Geral da República Rodrigo Janot se instalou
uma organização criminosa para comandar o país. Nem as malas abarrotadas
com milhões de reais parecem despertar a população, que a tudo assiste
impavidamente.
Mas, se não era por dez centavos, nem contra o desemprego e a
corrupção, o que justificaria as tais manifestações iniciadas em junho
de 2013, como e para onde se dissipou toda aquela energia mobilizadora?
Talvez daqui a 50 anos documentos da CIA possam revelar aquilo que, de
fato, levou as multidões para as ruas do país.
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM.
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