O tráfico de pessoas ainda é um crime pouco visível na sociedade. Nesse sentido, o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), vai chamar a atenção para esse problema com atividades que serão realizadas durante a Semana Nacional de Mobilização para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. O evento será de segunda-feira (25) a sábado (30), em São Luís, com panfletagens em pontos estratégicos, reuniões e palestras.
O trafico de pessoas é prática criminosa que envolve trabalho escravo, exploração sexual, adoção ilegal, tráfico de órgãos, casamento forçado, trabalho doméstico, dentre outras irregularidades. As atividades de conscientização que serão colocadas em pratica durante a Semana fazem parte do Plano Estadual de Combate ao Tráfico de Pessoas, lançado pelo Governo do Estado, por meio da (Sedihpop).
O objetivo é quebrar a estrutura de silêncio que envolve o problema. O Governo do Maranhão quer sensibilizar a sociedade de que esses crimes se constituem em uma agressão às vítimas e uma ameaça para toda a população. De acordo com o secretário de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves, é necessário que a população maranhense tenha conhecimento de que o tráfico de pessoas resulta da ganância de criminosos.
“Estimular a consciência da população e, em especial, daqueles que estão em situação de vulnerabilidade, é um modo de garantir que as pessoas deixem de cair nessa armadilha disfarçada de oportunidade”, afirmou o secretário Francisco Gonçalves.
Programação
Na segunda-feira (25), será realizado o lançamento do Edital de Chamada Pública da sociedade civil para compor o Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, na sede do Diário Oficial do Maranhão, em São Luís.
Na terça-feira (26), haverá panfletagem, em parceira com a Associação das Profissionais do Sexo do Maranhão (Aprosma), em locais e horários de transito frequente de profissionais do sexo. Na quarta-feira (27), uma reunião de trabalho envolverá membros da Sedihpop e das Secretarias de Estado da Mulher (Semu), de Cultura e Turismo (Sectur) e da Polícia Federal.
A luta contra o tráfico de pessoas reúne vários segmentos da sociedade, dentre as quais, transexuais e profissionais do sexo. O tema será debatido em reunião, na próxima quinta-feira (28), às 14h, na Casa do Bairro, próximo ao Convento das Mercês, no bairro do Desterro, no Centro Histórico de São Luís. O debate também terá a participação de representantes da Aprosma e da Associação Maranhense de Transexuais (Amatra).
Uma sessão de cinema marcará o encerramento da programação, no dia 1º de agosto, no Centro de Ensino (CE) Antonio Jorge Dino, no Bairro de Fátima, das 9h às 15h. O tema discutido será ‘Exploração sexual de crianças e adolescentes’.
Violência invisível
De acordo com a coordenadora de Ações para o Combate ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo da Sedihpop, Fernanda Macedo, a invisibilidade do tráfico de pessoas resulta da dinâmica de funcionamento de um esquema que opera tendo como armas a autoproteção, a coerção e o medo. “Entendemos que o silêncio é resultado de uma estrutura que gera medo para impedir que as atividades ilegais sejam desfeitas. Todas as pessoas em situação de tráfico seguem por esse caminho porque, simplesmente, são convencidas, em um momento de vulnerabilidade de suas vidas, de que estão diante de uma grande oportunidade”, explicou.
Fernanda Macedo ressaltou que quando as pessoas perceber que foram enganadas com uma falsa promessa de trabalho, elas tentam voltar para casa, mas começam a sofrer ameaças de agenciadores ou contratantes. “São diferentes as ameaças. Vai desde espancamentos a chantagens envolvendo o bem-estar e a vida de familiares e outras situações”, informou a Fernanda Macedo.
Devido à invisibilidade do tráfico de pessoas, os órgãos de enfrentamento a este crime contra os direitos humanos têm grande dificuldade para levantar dados. Fernanda Macedo denuncia que o quadro construído pelo medo dificulta a localização dos líderes dessas ações criminosas que estão se constituindo em uma das mais lucrativas do mundo.
Segundo a especialista, os órgãos de vigilância apenas têm acesso a informações sobre pontos, envolvidos e modo de operação quando alguém consegue fugir de uma situação na qual é mantido refém e procura os mecanismos de denúncia. “Quando alguém consegue perceber as irregularidades num funcionamento de fazendas, na recepção de mulheres em casas noturnas, por exemplo, é quando conseguimos ter dados específicos sobre o tráfico de pessoas”, observou Fernanda Macedo.
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