O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao
Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do
senador Romero Jucá (PMDB-RR) por tentarem barrar as investigações da Operação
Lava Jato. A informação é da edição desta terça-feira do jornal O Globo.
No pedido, que está com o ministro Teori Zavascki há pelo
menos uma semana, Janot também pediu o afastamento de Renan da presidência da
Casa. Os argumentos, de acordo com o jornal, são similares aos apresentados
contra o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
que, além de deixar a presidência da Casa, teve seu mandato de deputado federal
suspenso.
A trama contra a Lava Jato foi gravada pelo ex-presidente
da Transpetro Sérgio Machado. Nas captações, Renan sugere mudar a lei para
inibir a delação premiada, ao passo que Jucá descreve uma articulação política
dele e de outros líderes para derrubar a presidente Dilma e, a partir daí,
"estancar a sangria da Lava Jato".
Conforme revelado em VEJA desta semana, em seu acordo de
delação premiada, Machado disse que distribuiu 60 milhões de reais em propina
para peemedebistas durante os doze anos que esteve à frente da estatal, entre
eles Renan, Sarney e Jucá - apenas ao ex-presidente da República, foram 19
milhões de reais. Machado também contou que guardava dinheiro no exterior para
políticos, entre eles o presidente do Senado.
A coluna Radar On-Line, de VEJA, complementa a informação
revelando que, no caso de Sarney, Janot quer que ele fique em casa (prisão
domiciliar) com uma tornozeleira eletrônica.
Janot também pediu a prisão do presidente afastado da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR),
Cunha continua tentando interferir na Lava Jato, bem como nas comissões da
Casa.
Defesa - O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o
Kakay, que defende o presidente do Renan, Sarney e Jucá afirmou que as
gravações não justificam o pedido de prisão. "Quem vai decidir é o STF,
quero ver o fundamento do pedido, mas pelo que saiu na imprensa, nada justifica
medida tão drástica e espero que o STF não determine uma medida como
esta", disse ele, em entrevista à Rádio Estadão. Kakay também destacou que
opiniões contrárias à Lava Jato não podem ser interpretadas como tentativa de
obstruir as investigações. "Eu mesmo sou crítico dos excessos dessa
operação e repito, não vi nessas conversas qualquer tentativa de interferência.
Hoje tudo passou a ser tentativa de interferência. Depois da Lava Jato, prisão
preventiva virou regra. Essa banalização da prisão me assusta, enquanto
advogado e enquanto cidadão", afirmou ele.
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