Da Redação do Portal AZ
O
Jornal Pequeno divulgou neste domingo (24) que, uma servidora federal
natural do município de Itapecuru Mirim (MA), distante a 104 km da
capital São Luís, afirma ser filha do ex-presidente da República e do
Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP). Silene do Socorro Nogueira Araújo
(foto abaixo), de 54 anos, já teria pedido a realização de um exame de
DNA. Os advogados que patrocinam a causa são os piauienses Helbert
Maciel e Leonardo Augsto Raulno Pereira.
Segundo
o jornal, há quase 10 meses o processo de Ação de Investigação de
Paternidade (AIP) que envolve José Sarney, foi aberto na 2ª Vara da
Família de Brasília e tramita sob sigilo no Tribunal de Justiça do
Distrito Federal (TJ-DF). O jornal afirma ainda que, o advogado do
ex-presidente da República teria pedido a suspensão do processo, e não
fala sobre o caso alegando segredo de Justiça.
José
Sarney tem três filhos do seu casamento com Marly Macieira; Roseana
Sarney, atual governadora do Maranhão, o deputado federal Sarney Filho e
o empresário e engenheiro Fernando Sarney. Além disso, Sarney possui 57
anos de carreira politica e no último dia 1º, deixou o cargo de
presidência do Senado, que agora é ocupado por Renan Calheiros.
Leia na íntegra a reportagem do Jornal Pequeno:
POR OSWALDO VIVIANI
Há
quase dez meses, tramita sob sigilo no Tribunal de Justiça do Distrito
Federal (TJ-DF) um processo de Ação de Investigação de Paternidade (AIP)
envolvendo o ex-presidente da República e do Senado Federal José Sarney
(PMDB-AP).
O processo foi aberto em 4
de maio de 2012, na 2ª Vara de Família, em Brasília, sob o número
2012.01.1.063782-8. Na inicial do processo, documento a cujo teor o
Jornal Pequeno teve acesso, a servidora federal Silene do Socorro
Nogueira Araujo, de 54 anos, nascida no município maranhense de
Itapecuru Mirim (a 120 quilômetros de São Luís), afirma, por meio de
seus advogados, ser filha biológica de Sarney e pede a realização de um
exame de DNA.
No documento, os
advogados da proponente, Helbert Maciel e Leonardo Augusto Raulino
Pereira – com escritório em Teresina (Piauí) –, relatam que José Sarney
teve um envolvimento com a mãe de Silene, Izaura Nogueira Araujo, em
Itapecuru, “nos idos de 1957”, sendo que, como fruto desse
relacionamento, segundo a inicial do processo, nasceu Silene, em 18 de
maio de 1958.
Diz a inicial:
“O
vistoso jovem de Pinheiro (MA), radicado em São Luís, aos 27 anos já
titular da cadeira 22 da Academia Maranhense de Letras e promissor
deputado federal pela UDN, além de advogado de escol, se engraça e se
encanta com a linda morena que conhecera por essas viagens políticas.
Em
outubro de 1958, haveria eleições para a Câmara dos Deputados, e ele
tentaria obter o primeiro mandato próprio, não mais suplente como então.
Católico
fervoroso, inteligente, culto, sagaz no trato político, habilidoso com o
sexo oposto – o que, por certo, herdado do pai –, não foi difícil ao
jovem deputado conquistar o coração de Izaura, quiçá ‘Saraminda’.
José
Sarney passou a visitar com frequência, não apenas por interesses
políticos-eleitorais, Itapecuru Mirim. Izaura, por vezes, em períodos de
eleições, oportunidades para encontros, ia de avião a comícios em
cidade próximas, muito embora fato incomum, mormente naquela época, a
pessoas de poucas posses”.
Hoje
divorciada, Silene Nogueira Araujo tem duas filhas – uma de 33 outra de
34 anos –, e mora atualmente num bairro de classe média de Recife
(Pernambuco).
De férias em São Luís (onde tem parentes), Silene aceitou falar ao JP:
“Minha
mãe, até sua morte, em 2003, aos 72 anos, guardou segredo sobre quem
era meu pai. Ela nunca me falou nada. Mas eu cresci ouvindo as pessoas
que conviviam com ela sempre mencionando seu relacionamento com o
Sarney, que ele a levava nas campanhas políticas, até de avião. Também
falam até hoje da minha semelhança física com Roseana [Sarney, filha do
senador, atual governadora do Maranhão]. Minha infância e adolescência
foram normais. Só achava estranho minha mãe nunca me falar nada sobre
meu pai. Cresci sem essa referência da figura paterna, mas sempre fui
tratada como uma princesa. Nunca me faltou nada, embora minha mãe fosse
muito pobre. Tanto que aos 15 anos pude sair de Itapecuru para
frequentar o Liceu Maranhense, em São Luís, onde terminei o Segundo
Grau”.
Silene fez questão de enfatizar
ao JP que seu maior interesse com o processo para investigação de
paternidade “não é financeiro e sim para esclarecer a verdade”.
Também
afirmou que só está quebrando o segredo de Justiça – que ela mesma
pediu – porque “o senador Sarney está tentando obstaculizar o processo
de todo jeito, usando de todo o seu poder para que ele não vá adiante”.
O
JP apurou que José Sarney, por meio de seu advogado, Eduardo Antonio
Lucho Ferrão, já comunicou à Justiça que não aceita fazer o exame de DNA
voluntariamente, e entrou, em setembro, com um agravo regimental para
interromper a tramitação do processo. Os advogados de Silene recorreram e
ambas as partes aguardam a decisão judicial sobre o agravo.
Outro lado – Contatado pelo JP, o advogado Eduardo Ferrão respondeu, por e-mail enviado no início da tarde de sexta-feira (22):
“É
regra legal inafastável que o advogado não pode comentar quaisquer
processos por ele patrocinados e que tramitam sob segredo de Justiça”.
Silene encontrou Sarney numa igreja, em São Luís, e lhe disse: ‘Sou tua filha’
Num
trecho da inicial do processo de investigação de paternidade envolvendo
José Sarney, os advogados da proponente, Silene do Socorro Nogueira
Araujo, relatam um encontro que ela teve com o senador, na Igreja de São
Luís Rei de França, no Calhau, em 2011. Veja:
“Igreja
de São Luís Rei de França, Calhau, São Luís, 4 de junho de 2011. Missa
comemorativa dos 100 anos [que teria, caso viva] de dona Kyola, mãe do
senador José Sarney.
Presente, a
autora [Silene Araujo], que já juntara os fatos, dirigiu-se à autoridade
ali posta: ‘Sou tua filha, filha de Izaura!’
Um sorriso brotou no semblante firme do presidente do Senado Federal. Sorriso terno, sob o vistoso e característico bigode.
Mas
também sorriso intrigante, seguido por passos seguros – entre
familiares, assessores e seguranças –, por cumprimentos efusivos,
partidos de amigos, transeuntes e políticos.
E do sorriso restou a certeza. É a autora filha do réu!
A prova pericial científica assim esclarecerá”. (OV)
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