quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Bumba-bumba, a Petrobras afunda

Por Pedro Luiz Rodrigues

O problema dos que batem o bumbo de que tudo mudou, com o acompanhamento sanfônico (é sanfônico mesmo, de sanfona) de que tudo-vai–melhor-do-que-nunca, é de que a partitura que seguem muitas vezes só tem a página da frente, elaborada por hábeis compositores-marqueteiros pagos a peso de ouro.  
Como não existe a página dois, nem as demais, passado os acordes festivos da abertura, depois é um deus-nos-acuda, ninguém sabe o que faz, ninguém sabe o que diz.
Lula - temos de reconhecer essa sua inata qualidade - sempre foi o bumbeiro maior de si mesmo. Bumbeiro competente.  Inaugurou, inaugurou,inaugurou, até mais não poder. Algumas vez inaugurou até mais de uma vez, obras do PAC e de fora do PAC, lançou belíssimas pedras fundamentais, algumas das quais ainda estão por aí, não criaram raízes, no meio do caminho.
Talvez não haja entre as bandas enaltecedoras do brilhantismo dos últimos governos, uma que mais tenha despejado dinheiro em publicidade (para vender seus bons produtos, está bem...) e  em propaganda do governo ( o que não está bem, não lhe caberia fazer ou pagar) do que a Petrobras.
Recordo-me, no último período pré-eleitoral, das propagandas  transmitidas repetidamente, em nobilíssimos horários, em todas as cadeias de televisão, com a chancela da Petrobras. Nunca vi tanto povo sorrindo, elogiando a vida, o presente, e o futuro, que às vezes confundia com propaganda eleitoral. E o que é interessante é que o TCU não deu um pio sobre o assunto. Ate agora, pelo menos.
Confesso que fiquei com muita pena da presidente da empresa, Maria das Graças Silva Foster, obrigada a contrariar os marqueteiros do Governo, e com realismo admitir que 2013 vai ser ( assim como 2012 foi), um ano muito ruim para a Petrobras. Isso um dia depois de anunciar queda de 2,35% na produção, e de 36% no lucro da companhia.
O mercado agradeceu a mensagem realista e fez o que lhe cabia fazer diante do melancólico prognóstico para o futuro:  vendeu o que podia, o que fez os papéis da empresa caírem 8,3% em algumas horas. Isso talvez não queira dizer grande coisa, não se sabe, pois quando os preços despencam assim tão abruptamente, voltam a ficar atrativos; o interesse aumenta, a demanda aumenta, os preços sobem. É o mercado.
Pois se a estatal (na verdade, empresa de economia mista) está se enfiando no charco, é por que não a deixam atuar pelas leis de mercado. 
A oferta é limitada. O anúncio de  que rios de petróleo logo estariam subindo pelas tubulações que vão até lá embaixo no pré-sal, percebemos, não passou de um anúncio.
Do outro lado, apesar de estagnada a economia, cresce sem parar o consumo de combustíveis, não só pelo aumento anual da frota de veículos, mas porque os engarrafamentos afetam hoje todas as cidades, vilas e vilarejos brasileiros. Como a produção interna não atende ao consumo (em outras palavras, não existe a auto-suficiência comemorada pelos bumbos lulistas); o que se faz é importar e importar combustíveis. A preços mais altos do que os da venda no mercado interno.
Mas confesso que gostomais da Graça Foster do que da presidente Cristina Kirchner, que não se inibe em promover a opacidade dos dados econômicos na Argentina (e que agora acaba de promover um congelamento de preços para tentar frear a escalada dos preços em seu país, o que todos sabemos de antemão, não vai funcionar).
A presidente da Petrobras disse que o que tinha de ser dito: os recentes reajustes nos preços dos combustíveis (6,6% para a gasolina ; 5,4% para o diesel) apenas tentam tapar o sol com a peneira. Vai haver uma certa melhora nos fluxos de caixa, “mas não é o suficiente para dar o conforto da paridade”.
Em outras palavras, novos aumentos virão para os combustíveis.


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