terça-feira, 20 de outubro de 2009

Apropriação indébita


No início do governo Jackson Lago foi encomendada uma pesquisa de opinião no estado de São Paulo, capital e interior, tentando entender melhor o porquê da ausência de investimentos dos empresários de lá no Maranhão. Em artigo publicado no Jornal Pequeno, alguns meses atrás, eu falei dos resultados da pesquisa, que reproduzi depois no meu blog. Nela havia um dado escandaloso: mais da metade dos empresários consultados, ao serem perguntados sobre o motivo pelo qual não investiam no Maranhão, respondiam que tinham medo da família Sarney, do seu excessivo poder e de sua perniciosa influência nas instituições do estado. Não queriam problemas em suas vidas.

Inquietava-os o relato de outros empresários que pensaram em vir, mas desistiram principalmente porque achavam complicado conviver com os costumes locais e tampouco queriam se submeter a sociedades impostas. Em outras palavras, a família Sarney os afugentava daqui com o seu decantado poder sobre o estado, e jamais os atraía. Isto, naturalmente, se não prescindissem deles para conseguir favores do governo federal, tal como a Alumar, que sempre precisou do senador Sarney para garantir tarifas de energia, seu principal insumo, a preços baixos.

Essa é a realidade que é comprovada pela história recente do estado do Maranhão. Não foi atraído para cá quase nenhum empresário. Estes, ao contrário, preferiam ir para o Ceará, Rio grande do Norte e mesmo para o Piauí, logo aqui ao lado. Os Sarney inspiravam medo aos empresários.

Agora, Roseana Sarney, levianamente, tenta divulgar que o seu governo está fazendo um grande trabalho de atração de empresários para o estado, no afã de mostrar prestígio e trabalho. Diz que está trazendo mais de R$ 80 bilhões ao estado, mas na verdade todos vieram antes do seu governo. Vieram no meu governo ou no de Jackson Lago. Nenhum agora.

Os empresários vieram quando a família foi derrotada e não esperavam que eles voltassem novamente ao governo. Vieram porque a oligarquia não dirigia mais o estado. A decisão judicial que colocou Roseana no governo os pegou de surpresa.

Com a descoberta das gigantescas jazidas do Pré-Sal e a necessidade de refinar uma quantidade enorme de petróleo, o governo federal determinou a criação dos projetos das refinarias do Maranhão, do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Então, logicamente, esses são projetos de desenvolvimento nacional, estratégicos para o país e para a Petrobras. Um projeto para sustentar um Brasil rico em petróleo.

Assim, com esse fim, vários acordos foram assinados no governo Jackson Lago, em concorridas solenidades. Tanto que quem escolheu Bacabeira para receber a refinaria foi o governo Jackson. Todos sabem disso. Não foi Roseana Sarney.

Assim, parte de um grande projeto da nação, nunca foi um projeto estadual. Ou seja, a refinaria virá para cá. Isso só não acontecerá se o Pré-Sal fracassar, o que é improvável.

Hoje, o que se debate é a tentativa de impingir ao Maranhão uma mentira: a de que a refinaria foi trazida por Roseana Sarney e que sua construção vai começar no ano que vem, embora ausentes os projetos específicos e concretos. Além disso, Roseana não contava que o próprio presidente da Petrobras, Sergio Gabrielle, fosse o primeiro a dizer que refinaria de petróleo no Maranhão, só daqui a nove ou dez anos. Pelos critérios da governadora, ele deve ser um dos tais sabotadores da empreitada.

Todavia, vejam que o que não pode é um projeto tão importante para o estado ser tratado tão levianamente pelo governo do estado e como se fosse apenas mais um projeto eleitoreiro do grupo Sarney.

Onde entra Roseana Sarney nessa história? Supressão de vegetação, construção de muro não é refinaria. Nesse momento é só mais uma tentativa de enganar os maranhenses. Dizem que trarão o presidente Lula para a inauguração do muro. Será que Lula, por Sarney, vai participar dessa pantomima?

Que fique claro: o que somos contra é a dança dos números do custo da refinaria (exatamente porque não tem projetos). Começou em R$ 15 bilhões, passou para R$ 20 bilhões e ela citou semana passada a cifra de R$ 35 bilhões.

As outras empresas citadas na propaganda do governo não permitem nenhuma dúvida. Todas vieram para cá quando eles estavam fora do governo. Detalhei isso no artigo anterior. Vieram no meu governo ou no de Jackson Lago. Viriam agora, com ela? A pesquisa nos diz que possivelmente metade deles não viria.

Tirando essa tentativa capenga de enganar o Maranhão, o que ela realmente está fazendo? Na capital, nada. E no interior também nada. Até a recuperação das estradas estragadas pelas enchentes, objeto de dispensas de licitações, está devagar, quase parando.

Na estrada de acesso a São Luís Gonzaga, estão tentando fazer quatro bueiros há meses, com dois operários, alguma brita e areia. Por que não anda? Que firmas foram contratadas e o custo dessas obras suspeitas?

Neste final de semana, em reunião com representantes de mais de trinta municípios, todos disseram desconhecer qualquer obra desse governo em suas respectivas cidades.

Onde anda trabalhando essa gestão? A saúde está um caos. Hospitais fechando, muita gente exonerada, remédios em falta, e outros absurdos, como em Porto Franco, que viu cortados 63% dos recursos do SUS que lhe eram destinados. Tudo por perseguição política.

Na educação, os colégios do ensino médio tiveram substituídos os diretores e agora o quadro é de abandono.

Enquanto isso, o dinheiro se esvai pelos ralos que as dispensas de licitações permitem aparecer. É uma profusão de obras emergenciais. Nunca foi tão urgente não fazer nada...

Roseana faz um governo cada vez mais virtual. Só existe quando se liga a televisão e acaba quando esta é desligada, como dizia o senador Cafeteira. A propaganda é duplamente útil para Roseana. Primeiro, porque diz que ela trabalha sem trabalhar. E segundo porque o governo paga a VCR (agência de publicidade), muito ligada à família, que contrata e paga preços estratosféricos à a TV, rádios e jornais da família para publicar as peças de ficção. Existe melhor negócio do que esse? Isso é que é transferência de renda... Por falar nisso, quanto estão transferindo para o sistema Mirante? Mais de R$ 1 milhão por mês? Quem sabe?

O estado está parado e o que se arrecada vai para os empreiteiros que nem sempre fazem as obras. De nada adiantam as reuniões com empresários que já tinham vindo para cá para anunciar projetos já bastante conhecidos.

Vamos ter novidades na comunicação no estado brevemente. A oposição está organizando um Portal Eletrônico para servir de contraponto ao Portal “oficial” do grupo Sarney. As mentiras e armações vão ser respondidas na hora e os internautas poderão ver em tempo real o outro lado das notícias. Os municípios, com seus blogs locais, vão estar conectados as no portal, assim como os principais blogs que combatem as más ações da família. É mais uma “baladeira” na luta contra os canhões da oligarquia.

E a dispensa de licitação para reconstruir barracas de palha por R$ 129 mil? Cada escândalo é maior do que o anterior!

O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

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