Pelo menos uma mulher foi vítima de violência a cada quatro horas em 2022: foram 2.423 casos registrados somente na Bahia, Ceará, Pernambuco, Maranhão, Piauí, São Paulo e Rio de Janeiro; 495 mulheres morreram.
Os dados são da terceira edição do relatório da Rede de Observatórios da Segurança, divulgado nesta segunda-feira (6). Mostra, ainda, que em 75% dos casos, a violência foi cometida por companheiros e ex-companheiros.
Dentre os sete estados monitorados pela Rede, São Paulo ficou com a primeira posição no ranking da violência contra a mulher. Mas foi na Bahia onde esse tipo de crime apresentou a maior taxa de crescimento em relação ao relatório do ano anterior. A variação foi de 58%, ou seja, ao menos um caso por dia.
O Rio de Janeiro também apresentou uma alta significativa de 45% em um ano, com casos de repercussão nacional, como o estupro de uma parturiente cometido pelo anestesista. O estado registrou ao menos um caso de violência contra a mulher a cada 17 horas e os casos de violência sexual praticamente dobraram, passando de 39 para 75.
A coordenadora da Rede e pesquisadora, Edna Gajop, salienta que os números da violência contra mulheres devem ser bem maiores, porque o crime ainda é invisível. E listou situações que podem estar relacionadas: “A maior facilitação da circulação de armas, o aprofundamento da crise econômica e social vividas na pandemia, a exposição destas mulheres aos seus algozes dentro de suas residências – ainda resquício da pandemia… o desmonte de uma rede de acolhimento e atendimento à mulher… são vários casos acompanhados de mulheres que iam denunciar, e na própria delegacia eram desestimuladas e incentivadas à voltar para casa e a colocar panos quentes. E a gente sabe o quanto isso é danoso e reforça uma situação de violência vivida por ela”.
Para a cientista social e também coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança, Sílvia Ramos, a sociedade e o estado estão atrasados na tarefa de prevenir esse tipo de crime.
“É preciso que a gente, como sociedade, produza campanhas de prevenção da violência, mobilizando várias esferas da sociedade: saúde, educação e cultura. Mas também é preciso que as autoridades, o Estado, não só saiam correndo depois que um homicídio, um feminícidio, uma chacina ocorreu, mas também que criem redes de proteção múltiplas para as mulheres que já estão, neste momento, envolvidas em dinâmicas em que sofrem violências”.
De acordo com o relatório, Pernambuco é o segundo estado do Nordeste em registros de violência contra a mulher, com pelo menos um caso a cada dois dias. O estado também passou a liderar os números de transfeminicídios, posição ocupada pelo Ceará nos últimos dois anos. Enquanto isso, as mulheres cearenses vivenciaram um aumento de casos de violência sexual. O número quase dobrou, passando de 17 para 31 casos.
O Piauí registrou 48 casos de feminicídio. Já o Maranhão, é o segundo estado do Nordeste em agressões e tentativas de feminicídio. Os maranhenses registraram um caso de violência contra a mulher a cada 54h.
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