Os advogados do ex-presidente Lula apresentaram sua defesa, que
contém 180 páginas, contra as 16 ações de impugnação de sua pretensa
candidatura à presidência da República, segundo confirmou ao Diário do
Poder o ministro Luis Roberto Barroso, vice-presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e relator do pedido de registro de candidatura.
Barroso ainda não havia lido a defesa do ex-presidente, por isso não
pôde fazer uma previsão de julgamento do caso. Para forma qualquer
juízo, ele disse que é preciso ler as alegações da defesa de Lua. No
entanto, o ministro disse que a decisão deve ser tomada sem demora. Para
ele, a campanha não pode ser iniciada sem que isso esteja definido.
“Seria muito ruim para a democracia”, disse.
Defesa
A defesa se baseia, principalmente, na manifestação – que não tem efeito
jurídico – do Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações
Unidas), que, há duas semanas, recomendou ao Brasil que não impeça Lula
de concorrer à eleição até que o processo da Lava Jato que resultou em
sua condenação transite em julgado (quando não existe mais possibilidade
de recorrer). Os advogados apresentaram 34 documentos, incluindo
pareceres de juristas.
A defesa pede respeito à manifestação da ONU de não impedir o petista de participar da corrida eleitoral.
Em conversas reservadas, petistas admitem que dificilmente o Judiciário
brasileiro vai acatar a recomendação do comitê da ONU, mas ressaltam que
é essencial explorar o fato politicamente, inclusive para ampliar a
campanha internacional a favor do líder da legenda.
Lula está preso desde abril pela Lava Jato. Sua candidatura foi
contestada pela procuradora-geral Raquel Dodge, entre outros, porque sua
condição jurídica esbarra nas inelegibilidades impostas pela Lei da
Ficha Limpa. Ele foi condenado em segunda instância por corrupção e
lavagem de dinheiro na Lava Jato.
Nesta sexta (31), o TSE pode analisar a participação de Lula como candidato à Presidência no horário eleitoral gratuito.
A estratégia do PT é explorar politicamente ao máximo a questão da ONU no processo que tramita no TSE.
Sarah Cleveland, que assina a decisão do Comitê em favor do
ex-presidente Lula, disse à reportagem que o órgão, formado por 18
especialistas independentes, não atendeu a todos os pedidos da defesa do
petista, mas que o Brasil precisa cumprir as recomendações presentes no
documento.
Para o Itamaraty, a decisão do comitê é apenas uma recomendação, mas
sem efeito jurídico. “As conclusões do Comitê têm caráter de
recomendação e não possuem efeito juridicamente vinculante”, informou à
época o Ministério de Relações Exteriores por meio de nota.
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