quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

OPINIÃO | Desfile dos vampiros

Robson Paes*
A quem interessa o caos no Brasil? A escola de samba Paraíso do Tuiuti interpretou com maestria a alma brasileira e deixou claro que a crise política, econômica e institucional não interessa, nem agrada ao povo. Este, aliás, tem demonstrado com todas as letras de samba ou não, que não suporta mais pagar pela irresponsabilidade de vampiros inclementes capazes de sugarem até a última gota de sangue da população, para satisfazer sua sanha de poder.
A evolução da Tuiuti na passarela com muita felicidade mostrou a ala dos manifestoches e os criadores, manipuladores do ambiente de caos, que parecem não ter limites para disseminar a política de terra arrasada no país.
Desde outubro de 2014, não há um só dia em que os brasileiros não sejam bombardeados com toda sorte de ‘crises, escândalos’, comissão de frente do espetáculo de insanidades políticas, administrativas.
Após o golpe parlamentar, que ensejou o impeachment da presidenta Dilma, a maioria esperava que o país tivesse o mínimo de estabilidade política e retomada econômica. Isto foi o que venderam à população, mas não entregaram. Começou então célere e agudo processo de desnacionalização de setores estratégicos como o energético, petrolífero e espacial.
As políticas sociais, que por mais de uma década retiraram da extrema pobreza mais de 30 milhões de brasileiros, começaram a ser atacadas. Tudo isso sob o dogma neoliberal de reduzir o tamanho e a participação do Estado e atender aos desejos do mercado, um deus para muitos que defendem a manutenção do status quo e da desigualdade social.
Pois bem, não bastassem a deformação da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) com a aprovação da reforma trabalhista, prejudicial aos trabalhadores e indutora da informalidade; da PEC que reduz por 20 anos os investimentos em saúde e educação; da ameaça de aprovação da reforma da Previdência, sacam agora da cartola esdrúxula intervenção federal sob discutível argumento de descontrole da violência no Rio de Janeiro.
Só para lembrar: o Rio recebeu os dois maiores eventos do planeta a Copa do Mundo e as Olimpíadas em 2014 e 2016, respectivamente. O governo federal reforçou o combate ao crime no Estado, sem, contudo, chegar ao extremo de intervir no sistema de segurança.
Qual seria o pano de fundo da intervenção? Há várias hipóteses. A primeira atenderia a medida meramente midiática, a depender do resultado, capaz de eleger um presidente da República do consórcio centro-direita. Seria a saída honrosa para a derrota na votação da reforma da Previdência ou ainda um flerte com a ditadura jurídico-midiática-militar.
Caso não seja bem sucedido o plano softpower, entraria em campo o modelo hardpower movido a intervenções e caso haja reação popular como ensaiaram movimentos como os vistos na Marquês de Sapucaí, a vampiresca elite não hesitaria recorrer a forças externas.
Em meio ao triste enredo apenas uma certeza: a insegurança política, econômica e institucional do país segue desfilando. Até “o dia em que o morro descer e não for carnaval, ninguém vai ficar para assistir o desfile final”, como escreveu Wilson das Neves.
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM.

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