domingo, 24 de dezembro de 2017

Debandada de aliados ameaça futuro do clã Sarney no MA

A eleição de 2018 ruma para ser um divisor de águas na história do Maranhão. Depois de meio século de influência política, o clã Sarney tentará retornar ao Palácio dos Leões vendo sua base derreter e aliados históricos debandarem em razão das derrotas nas últimas duas campanhas.
Sinal dos tempos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 72, não deve apoiar o nome de José Sarney (MDB) para fazer frente ao que pode se tornar o ocaso de sua era.
Se concretizada, a aliança com o governador Flávio Dino (PCdoB), 49, que tenta se reeleger, tirará pela primeira vez o PT nacional da órbita do emedebista desde 2002.
Em uma demonstração de que a família chega a essa encruzilhada sem sucessores à altura, Sarney, 87, precisou convencer seu principal ativo, a filha, Roseana (MDB), 64, a disputar o governo.
O cenário para ela é adverso. Dos 217 municípios, Dino conta com o apoio de 180 prefeitos. Quadros historicamente ligados a Sarney, como o ex-ministro Gastão Vieira e os deputados Pedro Fernandes (PTB), Cleber Verde (PRB) e André Fufuca (PP) estão com o governador.
Além de procurar oferecer um sobrenome alternativo, Ricardo Murad (PRP), 61, cunhado de Roseana, lançou-se candidato a governador em uma estratégia para pulverizar a disputa e tentar provocar o segundo turno.
“Pelo que conheço dele, Sarney é a favor de candidaturas outras, sem ser só da Roseana. Ele sabe que hoje ninguém tem maioria sozinho”, disse Murad. “A classe política o idolatra, mas ele não conseguiu impedir o pessoal de sair [de sua base]. Quer uma frase? Todo mundo está onde ele mandou estar: no governo.”
Outros nomes afinados com o ex-presidente prometem surgir até junho, quando Roseana terá de formalizar se é de fato candidata ou não.
Sua disposição é recebida com cautela. Em 2016, ela ameaçou concorrer à Prefeitura de São Luís e recuou. Naquela como nesta ocasião, a classe política local não vê a mesma determinação de campanhas passadas.
Secretária da Casa Civil no governo Roseana, Anna Graziella Neiva afirma que a candidatura da emedebista é irrefreável e contesta a debandada de aliados. “Roseana ama o Estado e não abriria mão de lutar por ele. Já não temos mais agenda de tanto que nos procuram. Dos 217 [prefeitos maranhenses], pode botar 217”, afirmou.
No realinhamento pré-eleitoral, o vice-governador Carlos Brandão deixou o PSDB e deve levar consigo parcela dos 30 prefeitos. O partido empossou o senador Roberto Rocha seu presidente estadual e deverá lançá-lo candidato a governador para fazer palanque a Geraldo Alckmin, na disputa à Presidência.
HERDEIROS
A rigor, nas palavras, Roseana se despediu da vida pública em 2014. Renunciou ao governo um mês antes de encerrar o quarto mandato, não transmitiu o cargo a Dino, viajou para os EUA com os netos e disse que cuidaria da saúde. Antecipou a volta, meses depois, citada na Lava Jato.
Sua mãe, Marly, à época afirmou que queria que o caçula, Sarney Filho (PV), assumisse a frente política da família, mas o desejo da matriarca esbarrou no potencial eleitoral do filho. Na avaliação de interlocutores da família, carisma e votos são especialidade de pai e filha.
A expectativa é que, concorrendo ao governo, Roseana puxe votos para o irmão disputar o Senado depois de 35 anos de Câmara, ao lado do fiel aliado da família Edison Lobão (PMDB).
Por ora, nenhum herdeiro da terceira geração despontou. O filho de Zequinha, deputado estadual Adriano Sarney (PV), 37, é visto como pouco combativo –lembrado, por exemplo, pelo projeto que instituiu o Dia da Poesia.
A sua prima distante e colega de Assembleia Andrea Murad (MDB), 36, filha de Ricardo, é, por sua vez, considerada combativa demais. Líder da oposição formada por 5 dos 44 deputados, não teria perfil de Executivo.
A unir o grupo de Sarney, o discurso de que Dino “persegue” seus adversários é ecoado de parte a parte. “Tem uma coisa nele de muita perseguição. Não libera emenda para quem não o apoia. Quem não gosta do Flávio tem que 

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