quarta-feira, 26 de julho de 2017

Ponte para o pretérito

Robson Paes
O Brasil vive tempos sombrios. Depois de três anos, voltamos a integrar o mapa da fome da ONU (Organização das Nações Unidas). Mais de 14 milhões de brasileiros estão desempregados, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nunca foi tão difícil encontrar a luz fim no túnel.
Mas, nada é tão ruim que não possa piorar. Os ultrapassados construtores da ‘ponte para o futuro’, proposta pelo PMDB em execução no governo Temer, se esmeram para aprofundar a crise e por consequência a desigualdade no país.
Três episódios recentes simbolizam bem este retrocesso: o aumento de impostos sobre combustíveis, que penaliza a população, mormente os menos favorecidos; a aprovação do novo Refis federal, que anistia de multas e juros os grandes devedores do país e a compra desbragada de apoio ao governo federal, na Câmara dos Deputados.
Com a elevação dos impostos, o governo Temer espera arrecadar R$ 10,42 bilhões. O imposto sobre a gasolina aumentou R$ 0,41 por litro. Do diesel subiu R$ 0,21 por litro. Aumento do PIS e Confins dos combustíveis, que, por certo, terá efeito cascata. A frágil justificativa do governo federal seria o rombo nas contas públicas.
Pois bem, ocorre que dias antes do anúncio do aumento de impostos, os engenheiros do atraso trataram de construir outro rombo. Uma comissão do Senado aprovou proposta de anistia de juros e multas aos grandes devedores da nação. Com as mudanças no programa para regularizar dívidas, a arrecadação do governo federal cairia de R$ 13 bilhões para R$ 500 milhões. Isto é, redução de R$ 12,5 bilhões em receitas. Além da retração bilionária de arrecadação, um estímulo ao calote. Talvez por isso, recente pesquisa mostrou que um quarto dos endividados em atraso são de classe alta.
Que dizer então da farra na liberação de emendas para deputados, notadamente os apoiadores do governo, que rejeitaram o acolhimento da denúncia contra o presidente Michel Temer, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O governo federal liberou em junho R$ 134 milhões em emendas ao orçamento para 36 dos 40 deputados que votaram a favor de Temer na CCJ, segundo a Associação Contas Abertas. E o pior ainda está por vir na votação em plenário.
Somados os recursos da anistia aos ricos devedores e das emendas, o valor que o governo pretende arrecadar penalizando a população aumentando os combustíveis ainda será insuficiente para cobrir o mais recente rombo. É o povo uma vez mais sendo chamado a pagar a conta.
Tributar as grandes fortunas? Nem em sonho. Do alto de sua impopularidade acima de 90%, Temer afirmou que o aumento será entendido pela população. Por certo, como parte da conta de uma construção arcaica, que implode o presente e compromete o futuro do Brasil e dos brasileiros, exceto da pretérita e carcomida política elitista e coronelista, que insiste em assombrar o país. William Shakespeare advertiu: “A loucura dos grandes precisa ser vigiada”.
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM

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