O ex-secretário de Saúde do Maranhão, Ricardo Murad, divulgou nota nesta quinta-feira (19) em que rebate as informações sobre desvios bilionários durante sua gestão no órgão. No documento, ele ressalta “trabalho, dedicação e seriedade com os recursos públicos”. Murad é investigado na Operação Sermão aos Peixes, executada no início da semana pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF).
Ricardo Murad, ex-secretário de Saúde do Maranhão.Ricardo Murad, ex-secretário de Saúde do Maranhão.
“Um absurdo – completo absurdo, aliás – se imaginar que mais de um bilhão de reais tenha sido desviado de serviços médicos hospitalares da rede estadual. Isso levaria, com absoluta certeza, a que mais da metade dos hospitais do Estado não estivessem funcionando nos últimos cinco anos, porque representaria mais de 50% dos recursos aplicados no setor”, diz trecho da nota.
Murad reforça atendeu prontamente a por determinação da Justiça Federal para prestar depoimento, com mais de 15 horas de duração, e reitera que está à disposição da Justiça, Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) para novos esclarecimentos.
“Ao contrário do que se divulga, não houve superfaturamento, nem pagamentos de serviços, obras, medicamento e materiais médico/hospitalar que tenham sido pagos sem a devida prestação de serviço ou a correspondente entrega dos produtos e materiais e muito menos pagamentos de médicos e funcionários fantasmas”, destaca em outro trecho da nota.
Pedido de prisão preventiva
Nessa quarta-feira (18), o Ministério Público deu parecer favorável a um pedido da PF de prisão preventiva do ex-secretário da Saúde do Maranhão Ricardo Murad. A Operação Sermão aos Peixes investiga um esquema de desvio de verbas do Fundo Nacional de Saúde (FNS), pelo qual teriam sido transferidos mais de R$ 200 milhões em recursos federais para campanhas eleitorais no Maranhão.
Investigações da Polícia Federal foram iniciadas em 2010 (Foto: Divulgação / Polícia Federal)Investigações da Polícia Federal foram iniciadas em 2010 (Foto: Divulgação / Polícia Federal)
O pedido da PF é baseado na suspeita de destruição de provas dos desvios de verba, supostamente ocorridos entre 2010 e 2014, na gestão da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney. O advogado de Murad, Marcos Lobo, informou por telefone que não vai se pronunciar enquanto não tiver conhecimento da acusação oficial.
Durante a gestão de Ricardo Murad na Secretaria de Saúde, a saúde pública estadual era terceirizada no Maranhão. Ao transferir a atividade para entes privados, o gestor teria fugido dos controles da Lei de Licitação, empregando profissinais sem concurso público e contratando empresas sem licitação.
No período de investigação, o Ministério da Saúde destinou R$ 2 bilhões em recursos da União para o Fundo Estadual de Saúde do Maranhão. Desse total, R$ 1,2 bilhão teria sido desviado.
Leia a íntegra da nota enviada pelo ex-secretário Ricardo Murad:
Me dirijo a vocês neste momento para esclarecer a respeito da operação da Polícia Federal e CGU.
Na Secretaria de Saúde não houve desvios bilionários como afirma o superintendente da Polícia Federal, mas sim muito trabalho, dedicação e seriedade com os recursos públicos que destinamos para atender aos maranhenses uma rede de hospitais, upas e centros especializados de medicina digna de povos avançados.
Um absurdo – completo absurdo, aliás – se imaginar que mais de um bilhão de reais tenha sido desviado de serviços médicos hospitalares da rede estadual. Isso levaria, com absoluta certeza, a que mais da metade dos hospitais do Estado não estivessem funcionando nos últimos cinco anos, porque representaria mais de 50% dos recursos aplicados no setor.
Justamente o contrário do que todos vivenciamos!!! Qualquer um que tenha necessitado dos serviços médicos/hospitalares ou tenha trabalhado da rede estadual na época em que estive como Secretário pode atestar o que digo. Ampliamos e melhoramos muito a oferta de serviços médicos, a quantidade de hospitais, a qualidade do atendimento. Isso é público e notório!!!
Meus amigos, por determinação da Justiça Federal, que prontamente atendi, prestei depoimento por mais de 15 horas, com trinta páginas de esclarecimentos.
Respondi a tudo o que me foi perguntado e deixei registrado que no período em que estive à frente como secretário, ao contrário do que se divulga, não houve superfaturamento, nem pagamentos de serviços, obras, medicamento e materiais médico/hospitalar que tenham sido pagos sem a devida prestação de serviço ou a correspondente entrega dos produtos e materiais e muito menos pagamentos de médicos e funcionários fantasmas.
Sempre me coloquei antes mesmo da operação à disposição da Justiça, MPF e PF e continuo no mesmo propósito porque tenho o dever de defender a nossa obra que, pela primeira vez, deu a todos os maranhenses oportunidades de ter uma rede de assistência à saúde de primeiro mundo.
Ricardo Murad