Por José Reinaldo Tavares
No meu governo, depois do rompimento, e também no de Jackson Lago, houve um bloqueio financeiro ao estado por parte do governo federal. Quem comandou a ação foi o poderoso senador José Sarney, parceiro prioritário de Lula, que mandava e desmandava, quando o assunto era o Maranhão. Só para ilustrar a questão, o programa Luz para Todos, que foi montado por Dilma, então Ministra de Minas e Energia do governo Lula, em parceria com o meu governo seria anunciado aqui no Maranhão, já que éramos o estado com mais pessoas sem acesso à energia elétrica no país. Contudo, a solenidade foi cancelada na véspera da data acordada para a sua realização.
Foi assim: tudo já estava acertado, quando recebi o telefonema da ministra Dilma que, visivelmente constrangida, cancelava a sua participação no lançamento. Isto se deu porque Sarney, que estava na ocasião em Portugal, fora avisado do lançamento do programa e entrou em contato com ela, ameaçando romper com o governo, caso ela viesse aqui. Isso pode ser encontrado nas páginas dos jornais da época, pois a causa do súbito cancelamento acabou vazando para a imprensa. O que aconteceu depois é o costume padrão em situações como essa: os desmentidos de praxe, alegando problemas na agenda, etc.
Outro exemplo clássico do que falo é o da siderúrgica da Ball Steel, empresa que viria para o Maranhão. Com tudo já negociado, projetos prontos e portfólio financeiro concluído, a empreitada foi abortada e fui avisado por engenheiros da Vale de que ela só se instalaria quando Roseana Sarney assumisse em 2006. Ocorre que ela perdeu a eleição para Jackson Lago e a crise mundial de 2008 acabou tirando a viabilidade do projeto. Dessa forma, o Maranhão perdeu um enorme investimento e os milhares de empregos diretos e indiretos em consequência… Já contei essa história com mais detalhes em outros artigos.
Na verdade, nenhum ministro veio até o Maranhão, um verdadeiro boicote, pois Sarney imaginava que eu acabaria pedindo a ele que amenizasse o cerco ao estado. Entretanto, como preferi investir no equilíbrio financeiro e no aumento da arrecadação, isso me permitiu governar sem precisar de verbas federais, chegando até a fazer investimentos deixando em caixa cerca de R$ 380 milhões e nenhuma dívida para Jackson Lago, que me sucedeu no governo. Isso significa que não tive acesso a nenhum empréstimo ou transferência voluntária por parte do governo federal enquanto fui governador. O único que consegui – o do Bando Mundial – formulado ainda antes do rompimento e destinado ao combate à pobreza, teve sua autorização retida por Sarney no senado durante quase três anos e só saiu com a interferência de senadores de outros estados, estarrecidos e constrangidos com os métodos da oligarquia.
O mesmo bloqueio continuou a acontecer na gestão de Jackson Lago até que conseguiram expulsá-lo do governo. Quem fez isso, todos sabem, foi Sarney com a ajuda da Presidência da República.
A visão dele sobre política é de domínio total, de imposição de poder, sem contemplação com os adversários, tratados como inimigos. Com esses métodos, muitos foram os que se humilharam, voltando vencidos ao grupo. Eu, ao contrário, reagi e enfrentei. Sem ressalvas e sem tergiversar. Sofri muito por isso, mas chego feliz ao momento da mudança.
Se Dilma vencer, Sarney conseguirá manter uma parte do antigo poder e tentará fazer um governo paralelo para atrapalhar Flávio Dino, criando todo o tipo de obstáculos para impedir que nosso futuro governador faça a mudança tão necessária que o povo quer.
Portanto, é muito importante que os maranhenses pensem nisso ao votar, pois a única maneira de dar poder ao cambaleante Sarney é proporcionar que Dilma esteja mais quatro anos à frente do governo do Brasil. Aécio é amigo de Flávio e de Brandão. Além disso, fomos deputados na mesma legislatura e jogamos muitas peladas juntos em Brasília. Em outras palavras, ele não nos é um desconhecido e o mais importante de tudo, jamais servirá a Sarney, a fim de prejudicar o Maranhão.
Isso sem contar que Aécio fez dois governos excepcionais em Minas Gerais deixando uma realidade de contas equilibrada, muito diferente do estado falido que encontrou e em cujas virtudes, entre tantas, figuram avanços em educação e em serviços públicos. Isso sem falar que sempre opta por trabalhar com uma equipe muito qualificada…
E Dilma? Ela será a primeira presidente que terminará seu primeiro mandato deixando o país pior do que quando assumiu. Ou seja, com crescimento nulo, o que prejudicará a oferta de emprego em curto prazo; com inflação manipulada, mas mesmo assim acima da meta; com falta de competitividade da indústria e da economia; com juros altos; com o setor de energia envolto em gravíssimos problemas, éticos e financeiros, tais como a Petrobrás, a Eletrobrás, o programa do álcool, do gás e com ameaça de grandes aumentos de tarifas já neste ano. Diga-se de passagem que o Maranhão já paga a maior tarifa de energia elétrica do país, sem nenhuma explicação convincente para isso…
Somemos a isso a perda da qualidade da educação, a violência que cresce em todo o país, o péssimo sistema de saúde, o sistema de logística sem competitividade a que se convencionou chamar de “custo Brasil”, a baixa da produtividade da economia, etc.
Com efeito, aos maranhenses que tanto lutaram por mudança, nos resta agora completá-la, excluindo qualquer possibilidade de tal esforço ser dificultado.
Diante disso, podemos nos convencer de que votar em Dilma, no Maranhão, é o mesmo que votar em Sarney.
É muito risco!
Fico muito feliz de verificar que fui votado em 214 municípios, entre os 217 do estado. Ninguém mais conseguiu isso.
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