O ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB) fez uma aliança nada comum no Maranhão. Uniu-se a partidos de oposição à presidente Dilma Rousseff. Candidato ao governo do Estado, Dino tem como vice o deputado Carlos Brandão (PSDB) e como candidato ao Senado o deputado Roberto Rocha (PSB).
No plano nacional, o partido de Dino apoia Dilma. Brandão é do mesmo partido do senador Aécio Neves, candidato a presidente da República. Rocha é do partido do outro candidato a presidente, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Por que os três se uniram? Para derrotar o candidato apoiado pela família Sarney, o senador Edison Lobão Filho (PMDB), que concorre à vaga da governadora Roseana Sarney (PMDB). Roseana é filha do senador José Sarney (PMDB-AP). Assim como o pai, ela anunciou sua aposentadoria da política ao fim do atual mandato, em janeiro.
Nascido em São Luís, Dino foi juiz federal por 15 anos, profissão que largou em 2006 para entrar na vida política, filiando-se ao Partido Comunista do Brasil. É casado e pai de dois filhos.
O senhor se apresenta como uma forma de tornar a política do Maranhão menos corrupta. O que fará de diferente dos governos da família Sarney?
Ter honestidade na aplicação de recursos públicos, compreender que é fundamental superar esse modelo em que os recursos estão a serviço de pequenos grupos privados, que se apropriam dos recursos para acumular fortunas pessoais. Ao mesmo tempo, é preciso que os governantes tenham uma atitude pedagógica, agindo com honestidade para inspirar o conjunto da máquina pública.
Mas como o senhor adotará uma linha distinta da dos políticos tradicionais do Maranhão?
Buscando uma ampla mobilização da sociedade. Formaremos uma boa equipe de governo. É preciso ter uma atitude digna desde janeiro de 2015 para garantir que, com resultados, a população apoie esse governo e o grupo Sarney fique na oposição.
Como atuarão as famílias dos senadores José Sarney e Edison Lobão no governo Flávio Dino?
Abriremos oportunidade para todos. Hoje, as famílias Sarney, Murad e Lobão concentram o poder político e, ao mesmo tempo, são responsáveis por negócios privados. Quem cuida da política não deve ser, simultaneamente, dono de empresa com contrato com o governo. Vamos fazer com que haja critério de transparência na seleção de pessoas e empresas que vão trabalhar com o governo, garantir licitações adequadas e acabar com o nepotismo.
O senhor fez uma aliança com PSDB e PSB para concorrer ao governo do Maranhão. Não o constrange tal aliança, uma vez que esses partidos fazem oposição ao governo Dilma?
É preciso haver uma ampla aliança para dar conta do desafio que é grandioso: superar o regime oligárquico do Maranhão. Não há constrangimento porque fizemos um pacto em que cada partido é livre para fazer campanha para o seu candidato a presidente. Eu recebo todos. Eu atuo como uma espécie de coordenador de um pacto amplo. Trata-se de uma aliança para enfrentar essas três famílias poderosas, endinheiradas que controlam a política maranhense. Nossa aliança expressa a pluralidade da sociedade.
A quem o senhor dará palanque para presidente da República? Dilma, Aécio Neves ou Eduardo Campos?
Fizemos um acordo de que eu não iria me posicionar. Como representante deste pacto, eu sou o único que não me posiciono. Na aliança, vamos ter pessoas apoiando a candidatura da Dilma, a candidatura do Eduardo e a candidatura do Aécio. Eu ficarei neutro na questão nacional.
Pesquisas internas dizem que o candidato Lobão Filho, seu adversário, sobe nas intenções de voto entre aqueles que sabem que ele é apoiado por Dilma. Isso o preocupa?
As pesquisas que eu conheço mostram que a maioria dos eleitores dilmistas vota em mim. Eu não me preocupo porque há uma contradição absoluta entre a figura do Edinho Lobão e aquilo que o PT (do Maranhão) busca representar.
O Maranhão tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Como melhorar o índice?
Primeiro, ajudar a melhorar a qualidade dos investimentos públicos. Uma gestão pública honesta e transparente para assegurar que o dinheiro público, mais de R$ 14 bilhões por ano, chegue até as pessoas. Segundo, é preciso atrair investimentos privados de grupos internacionais, com regras claras para garantir segurança jurídica às empresas. Terceiro, apoiaremos os empreendedores locais, pois temos uma ampla rede de cadeias produtivas.
Vimos recentemente presos decapitando outros detentos em presídios do Maranhão. Como o senhor pretende melhorar o sistema carcerário do estado, considerado um dos piores do país pelo Conselho Nacional de Justiça?
O governo perdeu o comando do sistema, que foi apropriado por grupos ligados ao tráfico de drogas. Vamos impor autoridade sobre o sistema. Em seguida, descentralizaremos a execução penal fazendo com que haja pequenas unidades, inclusive em parceria com a comunidade.
O Maranhão tem outro problema crônico: a falta de saúde à população. Qual sua proposta para essa área?
Concluiremos a construção dos hospitais regionais que estão sendo feito com o dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). É um programa que foi iniciado com o ex-governador Jackson Lago em 2008, quando ele inaugurou o primeiro hospital regional na cidade de Presidente Dutra. Precisamos garantir a continuidade desses investimentos. Além disso, temos que corrigir um grave problema: a falta de médicos. Defendemos o programa Mais Médicos estadual, que visa cuidar da formação de médicos, apoiar os cursos de medicina e ampliar o número de vagas. Por fim, ficaremos atentos à atenção básica para atuarmos na prevenção de doença.
Apesar da Copa, o Brasil terminará o ano novamente fora do grupo de 40 países que mais recebem turistas estrangeiros em todo o mundo. Por que o Plano Aquarela da Embratur, durante a gestão do senhor, não incluiu como países prioritários a China e a Rússia, que são, respectivamente, o primeiro e o quinto maior emissor de turistas no mundo?
O Plano Aquarela é de 2009. Na nossa gestão, em 2012, incluímos a Rússia e, em 2013, incluímos a China. Agora, a Copa do Mundo demonstrou que a nossa estratégia estava correta. A Copa foi na América. O turismo é, sobretudo, de proximidade. Só vamos nos transformar em potência turística no momento em que tivermos um forte fluxo turístico nas Américas. Destacaria, como mercados prioritários, Estados Unidos e Canadá. Quando conseguirmos conquistar esses dois países, teremos um patamar mais alto de ingressos de turistas. Para isso, são importantes medidas como a remoção dos vistos dos turistas dos Estados Unidos.
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