Flávio Dino
Na última sexta-feira, celebramos a Paixão de Cristo. Os mais de 2 bilhões de cristãos do planeta exaltaram o desprendimento e entrega de Jesus a seu próprio destino. Sendo Ele o filho de Deus vivo na terra, podendo livrar-se de qualquer intempérie, decidiu seguir o caminho que se apresentou diante de Seus olhos. Morreu na cruz, como morriam, em seu tempo, os ladrões. Foi torturado e morto no calvário lembrado em vários pontos do Brasil em emocionantes eventos culturais, como na Via Sacra do bairro Anjo da Guarda, em São Luís, ou na Procissão do Fogaréu, em Caxias.
Em todos esses Autos de Paixão, os cristãos reverenciam a fé de Jesus em uma causa: a de amar-nos uns aos outros, como Ele nos amou. E qual ensinamento Deus nos dá com a crucificação e subsequente ressurreição de Jesus?
O teólogo Leonardo Boff faz uma interpretação interessante do significado desse fato: “Deus ressuscitou a vítima e com isso não defraudou nossa sede por um mundo finalmente justo e fraterno que coloca a vida no centro e não o lucro e os interesses dos poderosos”. Afinal, Deus poderia ter feito seu Filho morrer de qualquer forma menos sofrida ou tê-lo feito rei em qualquer um dos povos da época. Mas Jesus foi feito um homem simples, criado na Terra como um carpinteiro e não escolheu reinar, mas justamente enfrentar os poderes da época. E mais, podendo ter usado toda sua força divina contra os que o acusavam, escolheu cumprir a punição a que foi sujeitado por desafiar os poderosos. Com sua ressurreição, Deus nos apontou um caminho, segundo Boff: “só ressuscitando os vencidos, fazemos justiça a eles e lhes devolvendo a vida roubada, vida agora transfigurada.”
E todos que nós que seguimos os ensinamentos de Cristo, qual caminho devemos seguir nesse deserto? Qual é o mundo que Deus espera que trabalhemos para construir? Basta atentar-nos ao Evangelho para saber como viveram os Apóstolos após a ressurreição de Cristo. Em Atos (4,32): "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum". Ou seja, era um mundo de partilha e comunhão, portanto de justiça plena.
Morto na cruz, Jesus renasceu na comunhão que seus discípulos fizeram de seus princípios. Dois mil anos depois, este segue sendo o desafio de todos nós que comungamos da Paixão de Cristo: lutar para colocar em prática Seus ensinamentos, única forma de vivenciá-los. Nesse caminho seguimos todos os homens de Fé.
Um dos mais belos hinos da liturgia cristã da Páscoa canta que “A vida e a morte travaram um duelo/O Senhor da vida foi morto mas eis que agora reina vivo”. Assim, o hino mostra que nem a morte é capaz de interromper essa busca. Pois, como diz o iluminado bispo Dom Pedro Casaldáliga: “a alternativa cristã é ou a vida ou a ressurreição”. Sigamos na luta por ela.
Feliz Páscoa para todas as famílias maranhenses, com a Paz que é fruto da Justiça (Isaías 32,17).
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