Por Carlos Chagas
Assentada a poeira de mais um pronunciamento polemico do ministro Joaquim Barbosa, segunda-feira, importa ir além da reação dos presidentes da Câmara e do Senado, bem como de líderes partidários. Eles não aceitaram que o presidente do Supremo Tribunal Federal tivesse rotulado o Congresso como ineficiente e submisso ao Executivo, assim como se indignaram com a afirmação de que os partidos, no Brasil, são de “mentirinha”.
O importante em mais esse episódio envolvendo Joaquim Barbosa é que, apesar de suas negativas peremptórias, a cada dia que passa ele mais se vincula à política nacional. A poucos é dado o dom da premonição, mas vai ficado claro o perfil de um candidato a presidente da República.
A razão é simples: o ministro diz as verdades que o país inteiro gostaria de ouvir. Sem meias palavras, já radiografou o Judiciário em suas verdadeiras cores. Agora,voltou-se para o Legislativo, com respingos sobre o Executivo. Tudo indica que não vai parar, numa trajetória iniciada quando tornou-se relator do processo do mensalão.
Não demora aparecer um partido para convidá-lo a disputar o palácio do Planalto. E vai dar trabalho. Basta verificar que nenhum dos possíveis candidatos em disputa, de Dilma Rousseff a Aécio Neves, Marinha Silva e Eduardo Campos – nenhum teve ou terá coragem de falar o que Joaquim, Barbosa fala.
Guardadas as proporções, sua performance lembra a sucessão de 1960. Juscelino Kubitschek terminava seu mandato envolto em altíssimos índices de popularidade. Era o brasileiro mais admirado naqueles idos. Foi quando apareceu Jânio Quadros, dizendo em praça pública tudo o que a população ansiava, em se tratando de reformar costumes e práticas. Deu um passeio nas urnas. Vale registrar apenas a quadra eleitoral. O que aconteceu depois com Jânio nada tem a ver com Barbosa. Nunca teve antes, também, exceto o fascínio que um despertou no eleitorado e o potencial que o outro agora apresenta. Como não temos bola de cristal, recomenda-se aguardar. Mas que o homem tem tudo para ser lançado e eleito, isso tem.
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