POR MANOEL SANTOS NETO
O ex-presidente do Diretório Municipal do PDT de São Luís, João Francisco dos Santos, morreu na manhã desta terça-feira (20), vítima de insuficiência renal aguda. Ele tinha 76 anos e estava há mais de 20 dias na UTI do Hospital Aldenora Belo. Há mais de oito anos, ele travava uma dura luta contra o câncer, chegando a se submeter a um delicado tratamento no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
Incansável ativista político, João Francisco, ao longo de sua vida, atuou em grandes lutas populares no Maranhão, ao lado de figuras como Maria Aragão, William Moreira Lima, Neiva Moreira e Jackson Lago, dentre outras lideranças.
Filho de uma empregada doméstica e de um pai que trabalhava com embarcações, João Francisco nasceu em São Luís no dia 2 de junho de 1936. Na tenra idade, revelou a consciência de ser descendente da alma africana, com os códigos genéticos do amor à terra, à arte e à liberdade.
Jackson Lago abraça João Francisco, seu fiel companheiro, ao empossá-lo no cargo de secretário da Igualdade Racial, em janeiro de 2007
Ele descobriu a efervescência de repensar o social na Juventude Operária Católica, aprofundou sua militância na Aliança Estudantil, Operária e Camponesa e foi no Maranhão um dos criadores das Ligas Camponesas.
Com a herança de antepassados que trabalharam a gleba como agricultores, e seduzido pelo amor do campo, João Francisco acabou se transformando no organizador dos primeiros sindicatos maranhenses do meio rural. Ele também participou da fundação das primeiras Comunidades Eclesiais de Base.
Ao lado de Jackson Lago, Neiva Moreira, José Raimundo Aroucha, Reginaldo Telles, Léo Costa e tantos outros companheiros foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Maranhão.
Ele foi um dos integrantes da equipe fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA) e foi o primeiro presidente do Diretório Municipal do PDT em São Luís. Foi também o secretário de Estado da Igualdade Racial na gestão do governador Jackson Lago (2007-2009).
Ativista político contrário ao situacionismo implacável, João Francisco era um grande admirador de Leonel Brizola e nutria uma grande amizade com Jackson Lago, de quem foi aliado e fiel companheiro. Não abandonou o grande líder nem mesmo nas crises mais graves que o PDT enfrentou no Maranhão.
Com o golpe militar de 1964, João Francisco viu-se obrigado a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde se incorporou à resistência contra a ditadura. Ao regressar a São Luís, a Aliança Estudantil, Operária e Camponesa deu-lhe uma chance de ouro: a oportunidade de empreender uma viagem de conhecimento à União Soviética.
Por conta dessa viagem, João Francisco é citado no livro “Lágrimas na chuva. Uma aventura na URSS”, de Sérgio Faraco. Este autor fala de seu surpreendente encontro com “um jovem comunista maranhense”, no capítulo intitulado “Tensão na fronteira turca”.
Casado com Sílvia Linhares, sua companheira inseparável, João Francisco deixa quatro filhos. O velório foi iniciado no meio da tarde desta terça-feira na sede do Diretório do PDT, na Rua dos Afogados. O sepultamento deverá ocorrer na manhã desta quarta-feira (21), no Cemitério Parque da Saudade, no Vinhais.
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