Augusto Nunes
por Celso Arnaldo
Ricardo Murad é irmão de Jorge Murad, marido de Roseana Sarney. A bordo desse currículo, pousou no gabinete do secretário da Saúde do Maranhão, onde no momento administra a matança das crianças sem-leito e sem-imprensa. Nesta segunda-feira, confrontado com o noticiário sobre o caso afrontoso, o primeiro-cunhado não gostou do que viu. “Os números estão errados”, irritou-se.
Estão certos. E não são números: são crianças. Errado é instalar-se alguém como Ricardo Murad num cargo que lida com a vida ─ e com a morte. Só no Maranhão devastado pela famiglia Sarney um carrasco tem coragem de encolerizar-se com a perplexidade causada pela morte de vítimas inocentes.
Se a lei valesse para todos, se não houvesse bandidos incomuns, Ricardo Murad já teria saído de cena em desabalada carreira, ouvindo a sirene do camburão, e estaria há tempos homiziado em lugar incerto e não sabido. No Brasil presidido pelo padroeiro dos delinquentes de estimação, os integrantes do clã nunca tiveram de reunir-se num pátio de presídio. E continuam engordando sem sobressaltos o prontuário cada vez mais abrangente.
Ricardo é pai de Isabella, 26 anos, dois dos quais pendurada na folha de pagamento do funcionalismo fantasma. Em fevereiro de 2007, um ato secreto transformou a sobrinha de Roseana em assistente parlamentar do senador Epitácio Cafeteira, líder do PTB e comparsa de José Sarney. Nunca apareceu no local do emprego. Até junho de 2009, quando a imprensa revelou seu paradeiro e perdeu o emprego, Isabella tungou R$ 1,5 mil por mês.
A funcionária sem função vivia em Barcelona a boa vida garantida pelo salário ampliado por mesadas paternas. O dinheiro que sobrou para Isabella é o que não existe para as isabellas do Maranhão.
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