EDITORIAL JP.
A ascensão ao poder implica sempre numa luta sem quartel que pode durar anos e geralmente mistura ideologias, ideologofobias e batalhas campais onde partidos políticos, homens, mulheres, jovens e adolescentes se digladiam na busca de impor um modelo ou regime governamental.
Os que estão no poder usam de todas as armas para perenizar idéias ou interesses, mas quase nunca o poder é entregue gratuitamente de um partido a outro ou de uma facção a outra facção. A história da humanidade não deixa dúvidas quanto a isso.
No Maranhão, um grupo político canonizado por uma família se assenhoreou do poder há mais de quarenta anos e tanto manipulou, tanto corrompeu, tanto desvirtuou valores que somente em 2006 viria a sentir na carne os dissabores da primeira derrota.
O rompimento do então governador José Reinado Tavares com o modelo político instalado pela família Sarney no Maranhão ensejou a união de forças democráticas que desafiaram eleitoral e politicamente a falta de ética do grupo dominante.
Pela primeira vez, em quase meio século, o Maranhão pronunciou a palavra liberdade com a desenvoltura e força de quem acaba de concluir uma revolução. Uma revolução pelo voto.
Mas, para espanto de todos, principalmente da juventude ciosa por mudanças - a mesma avalanche humana que foi às ruas derrubar o regime sarneisista - um golpe engendrado nos tribunais do país derrubou o governo Jackson Lago e colocou no poder, na marra, a filha de Sarney, candidata derrotada como símbolo do basta que os maranhenses quiseram dar à corrupção, à tirania, aos malditos índices de miséria e pobreza absoluta do Estado.
Esse golpe turvou as mentes, blindou os corações que, apaixonados, haviam erguido bandeiras de liberdade nas ruas; castrou os sonhos vermelhos, brancos, dos sem teto e dos sem terra, dos sem emprego e sem futuro.
Mas não há nada como uma eleição atrás da outra. Agora os golpistas, sentados em cima dos milhões que o governo Lula lhes transfere, voltam a comprar almas e consciências, políticos e partidos. O que eles não avaliam é que ainda estão aí os mesmos que não os quiseram em 2006. Mais revoltados, mais decepcionados, mais humilhados por terem sua vontade expressa nas urnas cauterizada como uma ferida insistente. São eles “os filhos do golpe”, aqueles que não estão nem aí para o preço que se paga por um tribunal. É a adolescência, a juventude, toda uma geração cuja vontade foi confiscada nos escaninhos do poder.
Quando as eleições estiverem nas ruas e eles puderem dizer “nós somos os filhos do golpe” e estamos aqui para devolver o poder a quem de direito, para, mais uma vez, livrar o Maranhão dessa dinastia, não haverá dinheiro capaz de mudar tanta determinação.
“Os filhos do golpe” haverão de gritar, de berrar que foram lesados, enganados, roubados; que não tiveram o mínimo respeito pelo que seus corações queriam, suas almas pediam e suas mentes aconselhavam.
A luta já não será apenas uma luta para pôr um fim definitivo ao sarneisismo; será a batalha gigantesca de um povo que estará nas ruas para protestar. E eles dirão: “nós somos o povo, nos respeitem, senhores políticos, nos respeitem, senhores juízes; suas vontades e interesses escusos não podem ser mais fortes que esse sangue que pulsa em nossas veias; não podem ser maior que a vontade de Deus.
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