sábado, 28 de março de 2009

Golpe contra o MA é denunciado a correspondentes estrangeiros


Jackson: “o povo maranhense reivindica o respeito ao seu pronunciamento soberano”

Atendendo convite da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira (ACIE), sediada no Rio de Janeiro, o governador Jackson Lago concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira durante a qual teve oportunidade de esclarecer vários aspectos do processo de cassação que tramita no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e suas implicações para o futuro do Estado e para as políticas local e nacional. O governador estava acompanhado do deputado Marcelo Tavares, presidente da Assembléia Legislativa, que explicou a posição do legislativo em relação ao processo.

Jackson foi apresentado aos jornalistas pela presidente da ACIE, Alicia Pardies, correspondente italiana, que agradeceu o fato do governador ter atendido o convite e se deslocado ao Rio de Janeiro para responder perguntas da mídia estrangeira. Lembrou aspectos da biografia do governador e relacionou aspectos da atual situação para os quais solicitou esclarecimentos, em particular as acusações específicas sobre as quais está alicerçado o processo jurídico que resultou na sua cassação.

 Lago fez uma detalhada explanação das acusações contidas no processo e analisou cada uma delas, desconstruindo – na trilha da defesa dos advogados Francisco Resek, Eduardo Alckmin e Daniel Leite – todos os argumentos da acusação. Fez ainda um histórico da situação vivida no Maranhão, “único Estado da federação que depois da redemocratização nunca teve real alternância de poder até 2006. Só depois de décadas de luta uma coligação que reuniu várias forças - entre as quais movimentos populares e sindicais - conseguiu finalmente derrotar as forças que controlam o Estado desde os anos da ditadura militar”. Mas - continuou o governador - “esse grupo que controlou o Estado e tem fortes vínculos na política nacional não se conforma com a derrota; sabia que ela sinalizava que pela via eleitoral não teria mais chances de voltar a deter o controle do Estado. E começou um processo na Justiça para obter por essa via o que não conseguiria mais conquistas nas urnas”. 

Jackson lembrou, ainda, que em 2002 ele foi candidato ao governo do Estado e obteve 42% dos votos e que o candidato de Sarney teve 48%, caracterizando a realização de um segundo turno. Com os votos do PT e dos outros candidatos da esquerda, no segundo turno ele superaria 50% dos votos, resultando vencedor. “Mas Sarney conseguiu anular na Justiça 5% dos votos. Com isso não houve segundo turno. Tiraram a vitória das nossas mãos. Mas fomos pacientes. Aguardamos outros quatro anos. E em 2006 obtivemos a vitória. É essa vitória que agora nos querem tirar, mais uma vez. Até onde pode ir a paciência de uma população que sistematicamente vê que o seu voto é desrespeitado”?

Marcelo Tavares reforçou a intervenção do governador e afirmou: “O processo que está levando à cassação de Jackson Lago não tem nada que justifique tal medida”. Acrescentou que “os eventos nos quais o governador participou foram muito antes do início da campanha eleitoral, pelo menos sete meses antes da eleição, e nada foi feito para comprar votos de ninguém”. O presidente do poder legislativo maranhense também afirmou que pelas vias eleitorais as forças derrotadas em 2006 não voltariam ao governo do Estado. E numa crítica à decisão da Justiça Eleitoral, Tavares afirmou que “está sendo tirado da população maranhense o direito de escolher os seus governantes, e isso é muito ruim. Querem que o Maranhão, numa situação atípica, continue a ser uma capitania hereditária”.

Ao responder a uma pergunta sobre as potencialidades do Estado para investimentos estrangeiros e como a atual situação poderia afetá-los, o Governador Lago fez uma retrospectiva da evolução da economia do Maranhão. Lembrou aos jornalistas estrangeiros que nos anos 50 era um Estado rico, principalmente devido a elevada produção de arroz, feijão e milho. Na altura, afirmou o Governador, “o Maranhão ocupava o segundo lugar em produção agrícola, depois do Rio Grande do Sul e por isso Celso Furtado se referia a nós como um “Estado solução”. Nesses anos, continuou, “o Maranhão acolhia os retirantes dos Estados vizinhos, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte”. Mas, depois disso, Lago lembrou o processo de concentração de terras que foi iniciado nos anos 70 pelo então governador José Sarney, com um projeto de lei que mesmo em contradição com a legislação nacional na matéria foi aprovado no Estado e que permitiu a transformação das terras livres, destinadas ao cultivo de alimentos, em propriedades de grandes empresas – muitas delas estrangeiras – “cujos donos nem visitavam o Maranhão”, e que provocaram uma queda abrupta na produção no Estado.

Por fim, Jackson disse que se sentia feliz por não ter havido unanimidade na decisão do TSE. “Espero que agora o tribunal reexamine o seu voto. O povo maranhense confia na Justiça, porém, também reivindica o respeito ao seu pronunciamento soberano”

FONTE: JORNAL PEQUENO

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