sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Não é privilegio de Pinheiro


   O advogado Ilmar Rocha(PMDB) assumiu há pouco mais de duas semanas o cargo de prefeito de Caçador, município no Alto Vale do Rio do Peixe com cerca de 80 mil habitantes.  Eleito indiretamente pela Câmara Municipal está sucedendo o prefeito Saulo Sperotto(PSDB), cassado pela Justiça Eleitoral com o vice Lucir Christ(PP).   Declara-se espantado com a realidade encontrada.   Os técnicos já levantaram dívidas que totalizam 10 milhões de reais.  A estrutura administrativa tem carências em quase todas as áreas.   O caso da manutenção das máquinas da prefeitura é o mais emblemático. Soube por um funcionário que a troca de óleo de uma motoniveladora costuma ser feita por uma empresa com sede em Pato Branco, no Paraná.  Foi a vencedora de uma concorrência pública.
         No primeiro dia de trabalho após a posse teve que intervir com energia.   Encontrou-se cedo com um pedreiro, que o  conhecia.  O operário o acusou de começar mal na Prefeitura.  Tinha sido expulso do Posto de Saúde, aos gritos.   Procurou aquela repartição para uma consulta. A atendente, aos berros, disparou:  “O senhor não enxerga?  Não sabe ler? Está ali no aviso que hoje o médico não vem”. 
         Indignado, o prefeito pegou o pedreiro pelo braço e o convidou a ir até o posto.  Ali, identificou a deseducada agente de saúde e passou-lhe um sermão.  Disse que ele e ela eram pagos pelos cidadãos de Caçador e tinham a obrigação de atender  todos com educação.  Só não exigiu que pedisse desculpas ao operário pela grosseria. 
         Centralismo
         No dia seguinte foi conferir o funcionamento do laboratório médico da Prefeitura.  Encontrou 117 pessoas numa longa fila.  Algumas ali estavam esperando  para entrega de material de exame desde as cinco horas da manhã.  Soube que 40% dos doentes residiam no bairro Martelo,  a maior densidade populacional da cidade com 25 mil moradores, distante 6 km do centro.  Prático, decidiu, então, instalar um posto de recepção do material no próprio bairro.   
         – A saúde está um caos – queixa-se, declarando impotência para dar uma solução.   Existem apenas dois grupos do Programa Saúde da Família.  Os médicos não trabalham na Prefeitura por menos de R$ 15.000,00. O governo federal paga apenas R$ 6.000,00.  Não há como montar um eficiente plano de medicina preventiva.
          Diagnóstico de Caçador que se repete em dezenas de municípios de Santa Catarina, como constatou o deputado Dirceu Dresch(PT) na reunião da Comissão de Saúde da Assembléia, em Chapecó.  Os municípios  não tem recursos e os médicos não aceitam contratos também por menos de R$ 15.000,00. Há casos em que, mesmo pagando, não há profissionais.  Muitos agricultores, desesperados, apelam aos políticos para tentar realizar cirurgia particular, quase sempre caríssima.  Outros, aguardam na fila há dois anos pela intervenção, segundo o petista. 
           Os hospitais públicos da Capital e de várias regiões carecem de tudo.  Os comunitários e filantrópicos estão falindo com  as ridículas tabelas de remuneração do SUS.  Só os particulares conseguem sobreviver.  
           Qualquer levantamento que se faça em Santa Catarina o primeiro problema que aflora é o da saúde.  Prefeitos apelando ao governador para que hospitais municipais sejam estadualizados.  Dirigentes hospitalares implorando por verbas federais ao Fórum Parlamentar. 
          O secretário da Saúde, Dalmo Oliveira,  proclamou recentemente que “a saúde precisa se reinventar.”  Não explicou como,  nem onde.  Constata que há carência de tudo, mas principalmente de gestão competente para racionalizar os custos e aplicar melhor aos recursos.  
          Já se passaram quatro meses do novo governo.  Um governo  que definiu a saúde como sua principal prioridade.  Até agora, porém, não se tem notícia de uma única medida que tenha contribuído para amenizar o sofrimento da população, em especial, dos mais carentes que penam todos os dias nas emergências.  

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